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ESTÁGIO ATUAL É DE DESCONTROLE, DIZ PROFESSOR


Para o professor Gabriel Bádue, do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19, vinculado à Faculdade de Nutrição da Ufal, é possível dizer, nesse momento, que há descontrole da Covid em Alagoas. “Considerando que o controle da doença se dá a partir de um período mínimo de quatorze dias de queda de novos casos e óbitos, o estágio atual é de descontrole. Entre as evidências que trazem maior preocupação desde as últimas semanas de 2020 estão o alto número de suspeitos, que como consequência das deficiências de testagem pode prejudicar focos de transmissão e estabelecimento de estratégia de controle, e o gradativo aumento de óbitos”, analisa Bádue.
Na opinião do professor, espera-se que com a divulgação da importância da vacinação tanto por parte do Estado, como pelos meios de comunicação, haja uma maior adesão à vacinação. “No entanto, uma preocupação até aqui é com a capacidade do Estado prover a vacinação em massa, por meio da qual poderemos atingir a imunidade coletiva. Nesse sentido, o que temos são dúvidas e informações desencontradas. Até o presente momento não temos um plano de imunização nacional com prazos, faixas e doses definidas”, explica. No caso de Alagoas, segundo Gabriel Bádue, o plano de operacionalização da vacina divulgado pelo governo estadual foi organizado em 3 fases com previsão de vacinação de profissionais da saúde, idosos acima de 60 anos e portadores de comorbidades. No entanto, a partir das indefinições mencionadas, não há no plano estadual prazos em que cada fase será realizada nem menção as demais faixas etárias.
“A primeira parte (da Coronavac, que chegou no dia 18 janeiro), direcionada aos profissionais de saúde, é suficiente para imunizar aproximadamente 35 mil pessoas, considerando que cada pessoa deverá tomar duas doses num período de vinte e um dias. Assim, esse quantitativo não é suficiente nem para vacinar todos os profissionais de saúde do estado, o que pode explicar a cautela que o governo estadual está tendo nesses primeiros dias de vacinação, que tem questionamentos entre os próprios profissionais que atuam na rede de saúde”, avalia Bádue.
IMUNIDADE COLETIVA
Com relação as doses recebidas da Fiocruz, a AstraZeneca, o governo estadual irá vacinar idosos de 85 anos ou mais, considerando que a segunda dose dessa vacina deverá ser aplicada após 8 a 12 semanas da primeira. “O planejamento é de que todas as doses recebidas no último final de semana sejam aplicadas nas próximas semanas. Portanto, ainda não temos nem uma definição de quando e como a primeira fase do plano estadual será executada, quiçá as demais. Desse modo, a tão sonhada imunidade coletiva ainda não aparece em nosso horizonte”, conclui o professor e pesquisador. rc