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Nº 5885
Cidades Avanço da pandemia de Covid-19 pode provocar colapso no sistema de saúde alagoano

TRÊS HOSPITAIS DE ALAGOAS ESTÃO COM OS LEITOS DE UTI LOTADOS

Pelo menos outras três instituições de saúde no Estado estão com capacidade acima dos 90%

Por Hebert Borges | Edição do dia 26/02/2021 - Matéria atualizada em 26/02/2021 às 04h00

Pelo menos três hospitais alagoanos já registram taxa de ocupação de 100% nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) destinados a tratar pacientes com Covid-19. Dois são hospitais públicos situados no interior do Estado e um é da rede privada que atua em Maceió. Além disso, outras duas unidades no interior estão com a ocupação acima de 90%. Os hospitais públicos com leitos de UTI Covid totalmente ocupados são o Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca, que possui 10 leitos, e o Santa Rita, em Palmeira dos Índios, com seis leitos. Na rede privada, o Hospital do Coração de Maceió é que está com todos os leitos de UTI para Covid ocupados. As unidades que estão com nível de ocupação acima de 90% são a Unidade de Emergência do Agreste, com 93%, e o Hospital Chama, com 91%. As duas unidades estão situadas na cidade de Arapiraca. Considerando todos os leitos de UTI disponíveis em Arapiraca, 94% estão ocupados. Em relação aos municípios do interior, a ocupação de leitos é de 77%.

A Gazeta também levantou dados acerca da ocupação de UTIs de Covid na rede privada de Maceió. O Sistema Hapvida em Maceió informou que a taxa de ocupação deles é de 85%, no Hospital Arthur Ramos, 82%, onde são 23 leitos e 19 ocupados. Já na Santa Casa de Misericórdia de Maceió a situação é melhor. a ocupação está em 68%, com 13 dos 19 leitos ocupados. Nessa quarta-feira (24), o governo do estado ventilou a possibilidade de fechamento de setores produtivos caso a taxa de ocupação de leitos volte a subir muito em Alagoas. “Se a taxa de ocupação subir muito, não nos restará outra alternativa", alertou. Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou que 47,6% dos pacientes com Covid-19 que são internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) no Brasil morrem. Ela foi realizada em 37 hospitais de Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Participaram cerca de 150 profissionais de saúde, além de 27 estudantes de medicina e enfermagem. O estudo ainda apontou que 60% dos pacientes que foram para o respirador faleceram, uma taxa de mortalidade muito maior que a mundial, que chega a 45%. A pesquisa mostrou ainda que 15% dos pacientes tiveram septsemia (infecção generalizada), 13% desenvolveram infecção bacteriana e 87,9% receberam antibiótico. O estudo criou uma “calculadora”, baseada em análises dos tratamentos e diagnósticos de milhares de pacientes, que pode ajudar médicos a tomar decisões mais assertivas a fim de diminuir as mortes. “Em uma primeira análise do estudo, que começou no início da pandemia, em dois mil pacientes cadastrados foi observado que 1 em cada 5 internados em diferentes cidades faleceram. A situação fica mais grave considerando internados em UTI: a cada dois pacientes, um faleceu. Mais tarde, quando chegamos a cinco mil pacientes, desenvolvemos a ‘calculadora’. Ela foi aplicada em mais de mil pacientes do Brasil e também em pacientes de Barcelona. Os resultados foram muito bons”, disse a professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Milena Soriano Marcolino, que coordena o projeto. A “calculadora” – ou “score”, como também é chamada – leva em conta idade, comorbidade, frequência cardíaca, nível de plaquetas, entre outras variáveis. O objetivo é que seja usada logo na entrada do paciente no setor de emergência. “Nós usamos dados desde a admissão no hospital para que a calculadora fosse útil precocemente na chegada. Para que médico e enfermeiro consigam, precocemente, identificar pacientes que precisam de reavaliações mais frequentes e, às vezes, uma locação mais precoce em terapia intensiva”, disse a médica.

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