Pelo menos três hospitais alagoanos já registram taxa de ocupação de 100% nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) destinados a tratar pacientes com Covid-19. Dois são hospitais públicos situados no interior do Estado e um é da rede privada que atua em Maceió. Além disso, outras duas unidades no interior estão com a ocupação acima de 90%. Os hospitais públicos com leitos de UTI Covid totalmente ocupados são o Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca, que possui 10 leitos, e o Santa Rita, em Palmeira dos Índios, com seis leitos. Na rede privada, o Hospital do Coração de Maceió é que está com todos os leitos de UTI para Covid ocupados. As unidades que estão com nível de ocupação acima de 90% são a Unidade de Emergência do Agreste, com 93%, e o Hospital Chama, com 91%. As duas unidades estão situadas na cidade de Arapiraca. Considerando todos os leitos de UTI disponíveis em Arapiraca, 94% estão ocupados. Em relação aos municípios do interior, a ocupação de leitos é de 77%.
A Gazeta também levantou dados acerca da ocupação de UTIs de Covid na rede privada de Maceió. O Sistema Hapvida em Maceió informou que a taxa de ocupação deles é de 85%, no Hospital Arthur Ramos, 82%, onde são 23 leitos e 19 ocupados. Já na Santa Casa de Misericórdia de Maceió a situação é melhor. a ocupação está em 68%, com 13 dos 19 leitos ocupados. Nessa quarta-feira (24), o governo do estado ventilou a possibilidade de fechamento de setores produtivos caso a taxa de ocupação de leitos volte a subir muito em Alagoas. “Se a taxa de ocupação subir muito, não nos restará outra alternativa", alertou. Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou que 47,6% dos pacientes com Covid-19 que são internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) no Brasil morrem. Ela foi realizada em 37 hospitais de Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Participaram cerca de 150 profissionais de saúde, além de 27 estudantes de medicina e enfermagem. O estudo ainda apontou que 60% dos pacientes que foram para o respirador faleceram, uma taxa de mortalidade muito maior que a mundial, que chega a 45%. A pesquisa mostrou ainda que 15% dos pacientes tiveram septsemia (infecção generalizada), 13% desenvolveram infecção bacteriana e 87,9% receberam antibiótico. O estudo criou uma “calculadora”, baseada em análises dos tratamentos e diagnósticos de milhares de pacientes, que pode ajudar médicos a tomar decisões mais assertivas a fim de diminuir as mortes. “Em uma primeira análise do estudo, que começou no início da pandemia, em dois mil pacientes cadastrados foi observado que 1 em cada 5 internados em diferentes cidades faleceram. A situação fica mais grave considerando internados em UTI: a cada dois pacientes, um faleceu. Mais tarde, quando chegamos a cinco mil pacientes, desenvolvemos a ‘calculadora’. Ela foi aplicada em mais de mil pacientes do Brasil e também em pacientes de Barcelona. Os resultados foram muito bons”, disse a professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Milena Soriano Marcolino, que coordena o projeto. A “calculadora” – ou “score”, como também é chamada – leva em conta idade, comorbidade, frequência cardíaca, nível de plaquetas, entre outras variáveis. O objetivo é que seja usada logo na entrada do paciente no setor de emergência. “Nós usamos dados desde a admissão no hospital para que a calculadora fosse útil precocemente na chegada. Para que médico e enfermeiro consigam, precocemente, identificar pacientes que precisam de reavaliações mais frequentes e, às vezes, uma locação mais precoce em terapia intensiva”, disse a médica.