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RETORNO ÀS AULAS TRAZ MEDO E INSEGURANÇA PARA ESTUDANTES

Universitários relatam medo de atrasar período de formação ou até mesmo abrir mão de sonhos

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Élio Neto: ‘Senti medo, mas a vontade de não ‘estacionar’ no meio do caminho era maior’
Élio Neto: ‘Senti medo, mas a vontade de não ‘estacionar’ no meio do caminho era maior’ -

Insegurança, temor e angústia são alguns dos sentimentos que muitos estudantes universitários vem enfrentando ao ter que lidar com o retorno às aulas remotas em meio ao período de pandemia e de piora nos índices de contaminação. Acadêmicos alagoanos relatam que medo de ter que atrasar o período de formação ou até mesmo abrir mão de sonhos tem sido incentivo. Uma pesquisa realizada pelo “Global Student Survey” com 21 países, identificou que o Brasil tem o maior índice de universitários que declararam ter tido impactos na saúde mental provocados pela pandemia de Covid-19. Clara Terra, aluna do 3º período do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), relata que chegou a vivenciar uma crise de ansiedade minutos antes de uma de suas aulas se iniciar. “O retorno do Período Letivo Excepcional (PLE) foi ainda mais pesado que a primeira parte. Nós perdemos muito o ritmo de aula, foi cerca de um ano sem aulas até que fossem retomadas de forma remota. Em um dado momento, eu cheguei a ter crise de ansiedade antes de assistir a uma aula, tive um mal estar que me impossibilitou de acompanhar e desisti de assistir naquele dia”, conta a estudante de Ciências Biológicas. Já para Simão Lucas, aluno de Farmácia também na Ufal, o fato de seu curso contar com a necessidade de aulas presenciais foi ainda mais preocupante. “O começo foi difícil porque se iniciava o sistema híbrido na universidade. Tive aulas presenciais no Hospital Universitário e depois de longos meses em casa, voltar a pegar ônibus e estar no ambiente hospitalar me angustiava um pouco pelo medo de me infectar pelo vírus”.

Ele diz que o início da vacinação contra Covid-19 tem o tranquilizado quanto ao retorno. “Acredito que temos que nos readaptar a essas condições que nos são impostas nesse período de pandemia, onde tudo está incerto. Caminhamos mesmo a passos curtos para a imunização da população e isso me acalma um pouco”, disse.

O medo foi um dos sentimentos mais frequentes entre os estudantes de universidades. As incertezas e por muitas vezes a falta de respostas faziam com que os acadêmicos temessem o futuro.

Élio Neto Lima, estudante de Odontologia de uma instituição particular da capital disse ter sentido medo, mas que foi movido pela vontade de não interromper a construção de um sono. “Senti medo, mas a vontade de não ‘estacionar’ o meu sonho no meio do caminho era maior. Seguindo todos os protocolos das autoridades de saúde eu me senti preparado para voltar seguindo todas as normas. Não pensei em momento nenhum parar de cursar ou não voltar as atividades”, contou. Para os professores, havia sempre a preocupação com o desempenho dos alunos durante o período da pandemia. Luiz Alberto, professor universitário na Ufal, conta que as dificuldades enfrentadas pelos estudantes era perceptível. Ele conta que as tribulações presenciadas no dia a dia das aulas são as mais diversas. “Nesse último período letivo, tive alunos que simplesmente sumiram. Pararam de frequentar as aulas e fazer os trabalhos. Muitos sequer responderam meu contato. Com os que consegui falar, percebi que as razões eram diversas. Iam desde o adoecimento por Covid-19 deles mesmos ou de parentes, a problemas de convivência em casa, problemas financeiros e até mesmo o fato das aulas serem on-line. Conexão instável, falta de um ambiente doméstico propício para assistir aulas, entre outros motivos”, disse. Para o professor, aqueles alunos que conseguiram passar pelo período letivo em meio a pandemia devem ser considerados vitoriosos. “Acredito que os estudantes que conseguiram manter as atividades acadêmicas podem se considerar vitoriosos. Esse período de pandemia não tá sendo fácil pra ninguém. Manter o rendimento e conseguir uma certa normalidade, não apenas nos estudos, mas em todos os aspectos da vida, tem sido uma tarefa sobre-humana. Tem que ter muita dedicação e força de vontade”, exaltou.

* Sob supervisão da editoria de Cidades.

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