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Nº 5882
Cidades

PESQUISADORES DA USP DESCOBREM NOVA ESPÉCIE DE AVE EM ALAGOAS

Surucuá-de-murici é da família Trogonidae e estima que a sua população chegue a 90 casais

Por Hebert Borges | Edição do dia 18/03/2021 - Matéria atualizada em 18/03/2021 às 04h00

Uma nova espécie de ave foi descoberta em Alagoas. Batizado de surucuá-de-murici, em referência à sua área de ocorrência, na Estação Ecológica (ESEC) de Murici, o pássaro foi achado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). O artigo que descreve a espécie foi publicado no último dia 6, no Zoological Journal of the Linnean Society. A ave é da família Trogonidae e estima que a sua população chegue a 90 casais. Por esse motivo, ela já é considerada pelos cientistas como “criticamente ameaçada”. A nova espécie se distingue de qualquer outra espécie do gênero pelo tamanho, pois é um pouco menor, pela coloração da plumagem e pelo barramento da cauda, que segue um padrão de listras. Além disso, foram encontradas diferenças no canto e em caracteres genéticos. Todas estas características foram identificadas em exemplares machos. Os pesquisadores ainda não encontraram nenhuma fêmea O ornitólogo Luís Fábio Silveira, curador do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores do estudo, conta que os primeiros registros da ave pelo grupo de pesquisadores foi em 2016, e de lá pra cá eles estavam estudando para comprovar que se tratava de um nova espécie. À Gazeta, Silveira contou que o que torna essa ave única é o ambiente em que ela vive, que não é necessariamente o fato de ser uma região de Mata Atlântica, mas por ser a região específica de Murici. Ele relatou que desde 2002 estuda a fauna da localidade, e diz que é possível que haja outras espécies de animais ainda desconhecidas no mundo na região de Murici, e não só aves, mas também répteis e mamíferos. Segundo ele, durante os trabalhos de campo foram detectadas apenas 20 aves, em uma área isolada, e a estimativa dos pesquisadores é que a população não ultrapasse 90 casais. Em museus, há somente dois exemplares depositados.


Surucuá-de-murici é considerada pelos cientistas como criticamente ameaçada
Surucuá-de-murici é considerada pelos cientistas como criticamente ameaçada - Foto: Reprodução
 

O trabalho que levou à descoberta da nova espécie em Alagoas também promoveu uma ampla revisão taxonômica dos surucuás-de-barriga-amarela (Trogon rufus), grupo bastante complexo – já que muitas variações de plumagem receberam nomes, dividindo-o em subespécies ou espécies – e cuja distribuição é bastante ampla pelas florestas da América do Sul e Central.

Antes da revisão, eram consideradas seis subespécies para este surucuá, que ocorrem desde o sul da Guatemala até o norte do Uruguai e nordeste da Argentina. Em 2019, pesquisadores de diferentes partes do globo começaram a se debruçar sobre este grupo de aves, levando à reclassificação de três das subespécies, que passaram a ser consideradas espécies à parte.

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