app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5886
Cidades Diante a urgência da pandemia optou-se por começar os estudos das vacinas na população mais vulnerável

CUIDADOS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DEVEM SER REDOBRADOS

Sem previsão de imunização para a faixa etária, especialistas recomendam atenção especial para proteger esse público

Por regina carvalho | Edição do dia 03/04/2021 - Matéria atualizada em 03/04/2021 às 04h00

Apesar das crianças e adolescentes representarem menos de 1% das mortes por Covid em Alagoas, os especialistas acreditam que isso não deve ser motivo de despreocupação, já que não há até agora imunizante liberado para essas faixas etárias. Sem vacina, continuam suscetíveis à Covid. Os dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) revelam que trinta vítimas que não resistiram às complicações do coronavírus tinham até 19 anos e que esse grupo representa menos de 10% dos mais de 150 mil casos confirmados em Alagoas. Menos vulneráveis à doença, crianças e adolescentes não aparecem como prioridade no calendário de vacinação. "Não tem como a criança ser priorizada, pois ainda não há estudos que liberem a vacina para uso pediátrico. Os primeiros estudos começaram há pouco tempo e estão em andamento. Nos próximos meses, teremos evolução. Mas, no momento, ainda não há essa opção", enfatiza a pediatra Larissa Gouveia. "Esse momento da pandemia está me lembrando muito o ano passado. Estou trabalhando na Covid desde o início, desde fevereiro do ano passado. A gente não sabia o que iria acontecer, com medo de não ter onde internar as pessoas e nas últimas semanas voltei a ter esse medo nos plantões que eu estava trabalhando", completa Cynthia Mafra, alergista e imunologista, especialista em clínica médica. A médica afirma que a diferença que vê agora - em relação a 2020 - é que a faixa etária dos doentes mudou. "Não é que no ano passado eu não tivesse assinado atestado de óbito de jovens, assinei sim. A maioria que eu via era idoso, mas o que vejo nessa pandemia é que o perfil dos pacientes mudou, muitos pacientes jovens, em maior número do que no ano passado. Não sei se é porque se expõem mais ou se tem a ver com essa cepa. Outra coisa é que parece ser mais rápida a deterioração clínica, O que parece é que o paciente fica mais grave em menos tempo do que acontecei no ano passado", avalia Cynthia Mafra. "As crianças não foram estudadas para a vacinação e não é à toa. Diante a urgência da pandemia optou-se por começar os estudos das vacinas na população mais vulnerável, que é a população adulta. Felizmente ainda permanece essa característica da pandemia, no caso das crianças não evoluírem com gravidade em sua maioria. O que a gente percebe que quanto mais novo, menos grave, mas isso não quer dizer que é risco zero, a criança pode sim evoluir com gravidade, pode evoluir com uma síndrome chamada Kawasaki, que é uma complicação da Covid. A gente tem observado o aumento dos casos de síndrome inflamatória multisistêmica na criança que é uma evolução grave da Covid, mas permanece numa proporção menor. Essa população não deve ser priorizada, não que não deva receber atenção e vacina, não é isso. Não é prioridade", acrescenta a imunologista.

QUALIDADE

"Acho que a gente deve proteger o público mais jovem com a educação, fornecendo informação de qualidade, ensinando essas crianças a terem as medidas comportamentais de distanciamento, de lavagem de mãos, de uso de máscaras. Eu sou a favor da retomada das aulas, mas não nesse momento. Acho que enquanto a gente tiver na fase laranja e vermelha, nesse momento, a escola deveria estar fechada. Mas têm pais que não têm opção, que precisam mandar ou optam por mandar e devem ser acolhidos em relação a sua escolha também. Se a criança tiver com sintomas respiratórios os pais não devem mandar para a escola", acrescenta. A reportagem pergunta à pediatra Larissa Gouveia o que tem percebido em relação à evolução da doença entre crianças e adolescentes. "Mantendo-se relativamente a mesma taxa de internamento e gravidade. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou documento com estudo, mostrando inclusive a menor taxa de letalidade em crianças comparando 2020 e 2021. Crianças podem adoecer, podem complicar, mas a grande maioria evolui bem e com quadros leves. A minoria que evolui com gravidade e/ou óbito", acrescenta a pediatra.

TRANQUILIDADE

"A gente só vai ficar tranquilo quando houver imunidade de rebanho, de grupo, quando a maioria da população, cerca de 70% estiver vacinada. Aí o vírus vai deixar de circular. No momento não podemos estar tranquilos nem em relação aos adultos e idosos, quanto mais com as crianças. E não só porque elas não estão sendo vacinadas, mas porque o vírus está circulando e estamos muito longe de atingir a imunidade de grupo. A vacinação só vai funcionar com a adesão da população. Não temos perspectivas de estar tranquilos", finaliza a médica Cynthia Mafra.

Mais matérias
desta edição