As fortes chuvas e as línguas sujas poluíram as praias em 15 quilômetros entre o Mirante da Sereia [litoral norte] até o Trapiche da Barra, no sul de Maceió. Além dos danos materiais na periferia, a grande quantidade de água escura, mais de 500 toneladas de lixo e mau cheiro “impressionaram” até o prefeito JHC (PSB), que prometeu investir R$ 77 milhões na despoluição do Salgadinho, a maior fonte poluidora das praias centrais. Quer também que o Estado invista parte dos R$ 2,2 bilhões da outorga dos serviços da Casal para uma empresa privada, no saneamento da capital, no Salgadinho e pediu apoio da população para não jogar tanta sujeira nos riachos e galerias de água da chuva da cidade.

A preocupação do prefeito faz sentido. O Instituto Estadual do Meio Ambiente monitora a balneabilidade das praias. Um dos diretores técnicos do IMA, Ricardo César, recomendou à população evitar o banho de mar neste momento. Confirmou que a grande quantidade de chuva provocou elevação do nível dos riachos que desembocam nas praias com água contaminada.

Também orientou evitar os locais de saídas das galerias de água da chuva da cidade, porque há contaminação de água com produtos químicos e patogênicos. “Quando cessarem as chuvas, a depender da intensidade, deve ser evitado o banho de mar por 48 ou 72 horas. Depois disso, as praias voltam a ser liberadas por conta da salinidade”. As correntes marítimas também dispersam o material poluente, e assim as praias voltam às condições de balneabilidade, disse o diretor do IMA.

FONTES POLUIDORAS

O Riacho Doce, fonte de inspiração do escritor José Lins do Rego, que escreveu o romance com o nome do bairro do litoral norte que tem o nome do riacho, se transformou num “esgotão”. Como definiu o presidente do Comitê de Defesa da Bacia do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, “hoje o riacho Doce é um dos filhotes do Salgadinho”. Ao longo do riacho há dezenas de ligações de esgoto clandestinos. A grande quantidade de água suja e lixo compromete a balneabilidade de uma das praias bucólicas da região, como atestam relatórios de balneabilidade das praias expedidos pelo IMA, anteriores a este período de chuva. Os moradores e pescadores, como Bernardo Santos, lamentaram. “O riacho virou um canal de esgoto”. Situação semelhante é a do vizinho bairro de Garça Torta. Ao longo do leito do riacho há diversas nascentes que antes eram usadas para “pegar” água de consumo humano, doméstico e garantia trabalha para as lavadeiras locais. Os moradores da “grota da Garça” também lamentaram a poluição do manancial. O riacho de Guaxuma recebe esgoto das comunidades da parte alta do bairro e no local iniciou o processo de saneamento sem data definida de conclusão. Moradores têm feito manifestações constantes contra a construção de uma estação de tratamento de esgoto na comunidade “Gurguri” e contra a poluição do riacho que corta o balneário do Sesc. Perto da foz, ficou impróprio para o banho na praia de Guaxuma.