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Por | Edição do dia 07/04/2002 - Matéria atualizada em 07/04/2002 às 00h00
ROBERTO VILANOVA Quase 80% das doenças e um terço dos óbitos nos países em desenvolvimento são causados pelo consumo de água contaminada. Segundo o pesquisador uruguaio Pablo Correa-Hernández (e-mail: [email protected]), a ingestão de água poluída mata uma criança nos países em desenvolvimento, a cada oito segundos. São mais de cinco milhões de pessoas que morrem por ano devido ao consumo de água sem tratamento. Ele citou os exemplos da diarréia, com 30% dos casos decorrentes da ingestão de água contaminada, para ilustrar o consumo; para a falta de saneamento básico, tem o problema da esquistossomose que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), citada pelo pesquisador, mata 20 mil pessoas por ano nos países considerados do Terceiro Mundo. Solução O pesquisador Pablo Hernández explicou que, na atualidade, a cólera, o tifo e a disenteria são doenças raras nos países industrializados. Mesmo assim, nos Estados Unidos ainda de acordo com o pesquisador uruguaio o governo gasta 9,7 milhões de dólares por ano para tratar enfermidades causadas por microrganismos contidos na água sem tratamento adequado. Veja que, nos Estados Unidos, as enfermidades transmitidas por microrganismos contidos na água diminuíram para a milésima parte no último século. E ainda assim a Agência de Protección Ambiental dos Estados Unidos calcula esse montante de gastos para tratar as enfermidades. As causas O pesquisador Pablo Hernández, autor de uma monografia sobre a importância da água e os riscos de um colapso no abastecimento, mostrou que a poluição tem várias formas de se manifestar e alterar o ecossistema. Em 1991 considerou-se que a água derramada por um navio cargueiro chinês continha o vibrião colérico e foi responsável pela epidemia no Peru. A bactéria se propagou rapidamente pelo ecossistema marinho, infectando a água e os pescados. Transcorrido um ano do acidente haviam sido registrados 500 mil casos de cólera na América Latina, sendo 200 mil casos só no Peru, explicou. Pablo Hernández prevê uma grave crise no abastecimento de água em várias regiões, mais diretamente no Oriente Médio e na África do Norte, onde a disponibilidade de água per capita é de 1.247 metros cúbicos por ano, uma das mais baixas do mundo, comparando-se com os Estados Unidos, onde a disponibilidade é de 18.742 metros cúbicos por habitante. Na América Latina são 23.103 metros cúbicos per capita. Ele citou a advertência da diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Médio Ambiente (PNUMA), Elizabeth Dowdeswell, que previu uma guerra mundial pela disputa da água. A água é o grande problema da humanidade, porque não é um recurso inesgotável.