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Rio S�o Francisco pode abastecer Macei�

ROBERTO VILANOVA O Rio São Francisco pode vir a abastecer a população de Maceió. Esse é outro ponto importante que justifica a mobilização pela revitalização do rio e que está sendo discutido junto à Agência Nacional de Águas ? ANA ? como saída para a crise no fornecimento de água potável à população das capitais. A ANA prevê sérios problemas no abastecimento urbano a partir de 2025. Durante o debate promovido pela Comissão Interparlamentar da Bacia do São Francisco, esta semana, em Maceió, foi apontado o exemplo de Aracaju, onde 30% da água que abastece a população vem do São Francisco. O sistema de captação foi instalado em Propriá, na divisa com Porto Real do Colégio-Alagoas, e o duto mede menos de 100 quilômetros até a capital sergipana. Maceió também só dispõe dessa opção, se quiser resolver o problema da oferta d?água. Esgotado Mas qualquer projeto para retirar água do rio não deverá ser aprovado, antes da revitalização. Como o problema da sede é urgente e as previsões para a crise se aproximam cada vez mais, a Comissão Interparlamentar quer evitar o impasse, apressando o governo federal para iniciar o projeto de revitalização. Mas há o aspecto burocrático ? qualquer projeto para o Rio São Francisco, até mesmo o que propõe a revitalização, só pode ser iniciado depois da instalação oficial do Comitê da Bacia do São Francisco, o que só vai ocorrer em agosto. O cientista José Theodomiro, apontado como a maior autoridade sobre o Rio São Francisco, é quem vai presidir o Comitê. De passagem por Alagoas ? ele percorreu regularmente toda a Bacia do São Francisco, da nascente, em Minas Gerais, à foz ? ele falou à GAZETA e alertou: ?Qualquer discussão, qualquer projeto sobre o Rio São Francisco, mesmo a revitalização, é um sonho, não vai passar disso. Enquanto o Comitê da Bacia não for instalado oficialmente, nada se poderá fazer. Desde o encontro da Eco 92, ficamos apenas como órgão consultivo, não temos poder deliberativo?, explicou. O projeto de revitalização do Rio São Francisco engloba a área de engenharia, arquitetura, urbanismo e cultura. Enquanto a engenharia vai cuidar da recuperação da calha, a arquitetura vai restaurar prédios históricos das cidades ribeirinhas. A Federação das Indústrias de Minas Gerais ? Federaminas ? à frente do projeto, quer restaurar também os gaiolões, navios que transportaram carga e gente pelo Rio São Francisco até o final da década de 1960. Iniciativa Através da iniciativa da Federaminas, que reuniu os parlamentares dos Estados banhados pelo rio, em Pirapora, foi criada a Comissão Interparlamentar, composta por deputados estaduais de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Os representantes alagoanos são os deputados Antônio Albuquerque ? os presidentes das Assembléias Legislativas têm lugar cativo - Chico Tenório, Cícero Amélio e Cacalo. Eles estiveram no encontro regional de Pirapora e firmaram posição contrária à transposição das águas do Rio São Francisco para abastecer os sertões do Ceará, da Paraíba e do Rio Grande do Norte. ?Não é que somos contrários a que se leve água para nossos irmãos sertanejos cearenses, paraibanos e potiguares. Não se trata de ser contra, ninguém pode ser contra a que se leve água para quem tem sede. O problema é que o Rio São Francisco, do jeito em que se encontra, não tem como socorrer esses nossos irmãos. O rio está morrendo, está na UTI precisando de sangue e como vamos retirar sangue de quem já está precisando? Esse é o problema. Primeiro vamos salvar o rio, vamos recuperá-lo, para que se possa garantir a água que todos nós queremos e merecemos. Esse é o caminho, essa é a nossa proposta?, disse o deputado Cacalo. O Comitê Mas tudo vai depender do Comitê da Bacia do São Francisco, que o cientista José Theodomiro espera, finalmente, instalá-lo em agosto. O Comitê é formado por representantes do governo federal, estadual e municipal; Poderes Legislativo e Judiciário, Ministério Público, universidades, sindicatos de trabalhadores, empresário e Igreja Católica. Caberá ao Comitê definir a política para o São Francisco, com poderes deliberativos, ou seja, pode determinar a execução ou a suspensão de obras.