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Nº 5759
Cidades

Pastoral decreta fim da tr�gua na disputa por terras

FÁBIA ASSUMPÇÃO O coordenador estadual da Pastoral da Terra (CPT), Carlos Lima, acredita que 2004 será o ano de acirramento das lutas no campo pela reforma agrária. A avaliação foi feita, ontem, durante a abertura da assembléia anual realizada pela C

Por | Edição do dia 04/02/2004 - Matéria atualizada em 04/02/2004 às 00h00

FÁBIA ASSUMPÇÃO O coordenador estadual da Pastoral da Terra (CPT), Carlos Lima, acredita que 2004 será o ano de acirramento das lutas no campo pela reforma agrária. A avaliação foi feita, ontem, durante a abertura da assembléia anual realizada pela CPT, no Centro Dom Adelmo Machado, no Vergel do Lago. O encontro reúne 120 trabalhadores rurais de nove acampamentos, três assentamentos e quatro de áreas de posseiros do movimento em Alagoas. Além disso, participam lideranças nacionais e integrantes da Igreja Católica, que dão apoio ao movimento pela terra. Na avaliação dos líderes do CPT, o primeiro ano do governo Lula em relação à reforma agrária ficou aquém do esperado pelos movimentos sociais. “O governo tinha uma estimativa de assentar 60 mil famílias e só foram assentadas 13 mil”, lembra Carlos Lima. Em Alagoas, a situação foi ainda pior: as 1.700 famílias que deveriam ser assentadas, em 2003, não passaram de 170. “E não houve nenhuma família assentada ligada à CPT”. Os movimentos sociais afirmam que existem, hoje, dez mil famílias acampadas em Alagoas, aguardando a posse da terra – só da CPT são 1.800. Carlos Lima diz que os movimentos sociais deram uma trégua ao governo no ano passado, já que era o primeiro ano de Lula na presidência. Só que este ano promete ser um ano de grande disputa no campo, na avaliação do dirigente da CPT. “O governo Lula priorizou outras reformas no seu primeiro mandato, como a da Previdência e Tributária, e não priorizou a reforma agrária”, critica Carlos Lima. A bandeira de luta dos movimentos sociais, este ano, será para a implantação do Plano Nacional de Reforma Agrária, que foi apresentado ao presidente Lula em novembro. Os movimentos estabeleceram no plano uma meta de assentamento de 1 milhão de famílias em três anos. Mas o governo acenou com 400 mil. “Se o governo Lula conseguir atingir essa meta será muito bom, já que em oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso foram apenas 500 mil famílias assentadas”, afirma Carlos Lima. Conter a violência no campo continua também na pauta dos movimentos sociais. Nos últimos 10 anos, de acordo com a CPT, 39 trabalhadores rurais foram assassinados no Estado e nenhum dos responsáveis foi punido. No ano passado, no dia 7 de setembro, um trabalhador rural do assentamento Dom Helder Câmara, em Craíbas, foi assassinado por questões ligadas à terra. “No governo Ronaldo Lessa foram cinco trabalhadores rurais assassinados, sem prisão dos acusados”. Carlos Lima também vê com preocupação a mudança no comando do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em Alagoas. Para ele, houve um retrocesso com a saída do agrônomo Mário Agra. “Foi inoportuno tirar uma pessoa que conhece de perto a questão da terra em Alagoas e vinha mantendo um entendimento com os movimentos sociais”. A assembléia anual da CPT tem como objetivo planejar as atividades do movimento para 2004 e fazer um balanço do ano passado. Durante a abertura do encontro foi entregue o prêmio Dom Helder Câmara para as personalidades que se destacam na luta pela terra. Este ano, o premiado foi o padre André da Bahia.

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