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Nº 5759
Cidades

Cercas el�tricas est�o fora de controle

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Por | Edição do dia 15/02/2004 - Matéria atualizada em 15/02/2004 às 00h00

FERNANDA MEDEIROS MÁRIO LIMA A popularização das cercas eletrificadas em Maceió, a nova onda contra a criminalidade na capital, está fora de controle. Nenhum órgão público ou privado - do Corpo de Bombeiros ao Inmetro, ou mesmo a Companhia Energética de Alagoas (Ceal) - tem acesso às montagens das cercas e nem à voltagem, que pode chegar até oito mil volts. A única exigência das lojas e dos fabricantes é de que o muro tenha uma altura mínima de 1,80m, mas o recomendado é dois metros. “Deveria ter controle, sim, mas o equipamento já sai da fábrica obedecendo as exigências da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). E quem vende tem que arcar com a garantia do produto”, explicou Jean Barbosa Cavalcante, supervisor técnico de montagens de cercas elétricas. Segundo ele, o aparelho não mata, “pois o choque é pulsatório e não contínuo, o sujeito não fica agarrado, como nos choques letais”. As mortes que aconteceram em conseqüência do choque, segundo ele, não foram causadas pelas cercas eletrificadas, mas pelo imenso emaranhado de eletrificação de arames e cercas instalados em residências, favelas e grotas de Maceió. “Nessas cercas domésticas é onde mora o perigo, pois eles ligam direto na voltagem da energia pública e aí não tem jeito, eles ficam presos e morrem. No ano passado, no bairro da Forene, uma senhora que eletrificou seu cercado em uma tomada, morreu eletrocutada”, revelou Jean. No Vale do Reginaldo, há pouco mais de 15 dias, o pescador Eduardo Ferreira de Lima, 39, também caiu na própria armadilha que colocou em casa, para proteger dos ladrões as galinhas que tinha. “Ele colocou a fiação para proteger as aves, mas no dia 26 do mês passado, quando foi ao local, havia tomado banho e ainda estava molhado. Quando abriu a torneira, a corrente do fio passou para a torneira e ele levou o choque, vindo a falecer”, contou dona Luzinete Ferreira dos Santos, mãe de Eduardo, sem se conformar com o que aconteceu ao filho. Ela salientou ainda que, por pouco, a outra filha também não morreu. “Quando ela viu o irmão no chão, foi lá para pegar nele e levantá-lo. Só não o fez porque outras pessoas que chegaram na hora a impediram”, ressaltou. No bairro do Farol, a maioria das casas de uma rua inteira tem uma cerca eletrificada. Com a onda de assaltos e roubos nas residências, os proprietários resolveram se precaver. “Se não temos saúde pública de qualidade, temos que recorrer aos planos particulares. Assim é com a segurança. Se não a temos, somos obrigados a contratar serviços e instalar equipamentos particulares”, reclamou o administrador de empresas João Luís Costa Cunha. Ele comentou que instalou o equipamento em casa em janeiro. “Na virada do ano, de madrugada, um ladrão pulou o muro e roubou uma mangueira de água. No outro dia, vimos as marcas das pegadas dele no muro. Então, resolvemos colocar a cerca elétrica. Antes, havíamos colocado ganchos em cima do muro, mas não adiantou”, esclareceu João Luís. Ele acrescentou que na rua onde mora, outro vizinho teve a residência invadida por um ladrão, que acabou matando o cachorro da casa. “Ele também decidiu colocar a cerca, há poucos dias”, relatou. Segundo o administrador, para colocar a aparelhagem de segurança teve que desembolsar R$ 400 e ainda paga R$ 80, mensalmente, a uma empresa de segurança 24 horas. “Tudo é monitorado por alarmes”, explicou. Segurança reforçada Em Mangabeiras, nas proximidades da Grota do Cigano, por exemplo, o advogado David Cleto também tomou a atitude de instalar em sua residência um sistema reforçado de segurança eletrônica, com tudo o que há de mais moderno. “Estávamos nos sentindo inseguros. Inclusive, minha filha até já foi assaltada na esquina e vários carros já foram roubados nesta rua. Agora, eu e minha família dormimos tranqüilos”, confirmou. Cleto instalou, além da cerca eletrificada, um sensor de alarme no portão e um detector de presença, capaz de revelar se há alguém no jardim. “Basta qualquer pessoa passar que ele sente a presença, mesmo que seja um cachorro ou um gato. O alarme soa na hora”, explicou.

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