loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
domingo, 07/12/2025 | Ano | Nº 6114
Maceió, AL
26° Tempo
Home > Cidades

Pandemia

MACEIOENSES RELATAM SEQUELAS DA COVID APÓS QUASE UM ANO DA DOENÇA

Sintomas podem se agravar e são perigosos sem o tratamento adequado, alertam especialistas

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Alagoanos infectados pelo novo coronavírus relatam sequelas deixadas pela doença
Alagoanos infectados pelo novo coronavírus relatam sequelas deixadas pela doença -

“Os cheiros que eu sinto, de qualquer coisa, é cheiro de desinfetante. No meu paladar tudo tem gosto de muita pimenta. Daí, uma semana depois, tudo fica salgado. É horrível”, conta Cícera Martins, de 61 anos, 11 meses após testar positivo para Covid-19, em junho de 2020. Mesmo após a recomendação de exercícios para tentar reabilitar os sentidos, o prazo de um ano previsto para o abrandamento das sequelas já se aproxima do fim e os efeitos do vírus permanecem no organismo. “É como se não houvesse sintonia”, desabafa. Já para Aloísio Gomes, esposo de dona Cícera, que chegou a ficar nove dias interno e recebeu auxílio de oxigenação após um dos pulmões chegar a 50% de comprometimento, as consequências desse episódio são outras, mas, também se delongam até hoje. “De repente eu sinto a variação da minha pressão. Tomei o cuidado de voltar ao cardiologista. Sou hipertenso e a solução encontrada pelo médico foi dobrar a minha medicação. Tive que voltar a tomar medicação para o colesterol, porque estava alto depois da Covid”, relata. Além dos sintomas clínicos, insônia e mudança repentina de humor também se tornaram frequentes para ele, aos 69 anos. O casal não representa casos isolados. Eles se unem à estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), de que ao menos 10% dos infectados pelo Sars-CoV-2 relatem algum tipo de sequela. À nível nacional, a estimativa é que as sequelas deixadas pelo coronavírus atinjam 1,4 milhão de pessoas. No entanto, essa é uma conta difícil de fechar, uma vez que cada indivíduo lida com seus sintomas de forma diferente, consultando, quando acha necessário, um médico de sua preferência. Mesmo não havendo, em Alagoas, um levantamento oficial por parte da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) que unifique esses relatos e apresente um mapeamento claro, uma perspectiva dessa dimensão da pandemia na capital pode ser observada pelo trabalho do Centro de Tratamento de Sequelas da Covid-19, que vem operando dentro da estrutura do PAM Salgadinho, no bairro do Poço, e unifica os encaminhamentos do gênero entre os pacientes que chagam às Unidades Sentinela de Síndrome Gripal e aos Postos de Saúde da cidade. Só no ano de 2021, já foram atendidos 1.802 casos de diversas sequelas diferentes. Falta de ar, dor de cabeça constante, tosse persistente, dor torácica, perda ou confusão de paladar/olfato persistente, ansiedade, fadiga, zumbido ou perda de audição, são listados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) como os casos mais frequentes.

IMPREVISÍVEL

Mesmo havendo sintomas que se repetem mais regularidade, as alegações de pessoas acometidas pelos rastros danosos que a Covid-19 deixa nos organismos são as mais diversas, e, muitas vezes, não há previsões de recuperação concreta. Jamerson Almeida, de 25 anos, testou positivo ainda em dezembro. Dois meses e meio após ter se recuperado da Covid o jovem raspou a cabeça, devido a uma perda significativa dos cabelos. Após cinco meses, ainda há dores de cabeça e no corpo, cansaço e insônia. Exames de sangue mostraram a deficiência de algumas vitaminas. “É horrível, porque você não sabe o que vai ser permanente ou passageiro. Além do stress da doença, ainda ter que lidar sequelas é muito ruim”, desabafa. Consultado um médico, além de algumas recomendações, a solução foi apenas a espera. Já Pâmela de Oliveira, de 27 anos, sentiu as consequências das distorções do paladar e do olfato implicarem na saúde. “As coisas têm um gosto e um cheiro ruins, inclusive, por isso tive um momento em que perdi um pouco mais de 3 quilos pela dificuldade em comer. Procurei uma médica infectologista, mas, infelizmente, a recomendação foi aguardar”, explica. Após 23 dias isolada e todos os sintomas sofridos durante a infecção, agora são as sequelas que a mantém em estado de alerta. “Não, há como prever quanto tempo pode durar, tem relatos de todos os tipos”, lamenta. Ela pretende procurar um especialista para tentar exercícios de reabilitação.

Em contrapartida, sem grandes complicações, Victor Melo, aos 20 anos, teve sintomas brandos durante o período em que testou positivo para o vírus. Mesmo assim, não pôde voltar a fazer exercícios físicos por dois meses após a doença, devido a fadiga, sentido ainda uma coceira no corpo por mais um mês e meio.

* Sob supervisão da editoria de Cidades.

Relacionadas