Para muitas pessoas, um monociclo é algo que só se vê em espetáculos circenses, utilizado por palhaços em suas apresentações cheias de brincadeiras. Mas esta impressão está mudando. Algumas pessoas já trocaram o carro pelo monociclo elétrico para se locomover dentro das cidades, como em Los Angeles, onde as primeiras competições já surgem. Em cidades no Brasil e no mundo, já é possível ver pessoas pelas ruas locomovendo-se em uma roda só, em cima de um monociclo. Realmente, a cena chama bastante atenção. “Quando a gente anda aqui na orla, os turistas nos param, perguntam o que é, como funciona, se é um pneu só”, conta Diegho Faria, um dos únicos proprietários de um monociclo elétrico em Alagoas. E o que ele revelou não é para menos. Enquanto a reportagem conversava com ele, na orla da Pajuçara, seu amigo de roda, Marcos Correia, foi abordado por duas turistas de Minas Gerais, que não esconderam sua admiração pelo equipamento. “Fantástico! Estou impressionada!”, exclama Nilcéa. “É muito prático depois que você aprende a manobrar. Parece-me ser mais adequado para um lugar mais plano”, completa Maristela. A visitante também destacou o potencial ecológico do veículo. “Ótimo para o meio ambiente, ótimo para o corpo e para o espaço”, opinou. Para a dupla mineira, esse foi o primeiro contato com a modalidade. Diegho, porém, revela que seu primeiro contato com o veículo foi, na verdade, vendo uma pessoa numa ladeira, no Centro de São Paulo. “Quando fui para São Paulo com a família, estava na Rua 25 de Março, e vi um cara subindo uma ladeira, muito inclinada, com o monociclo, e fiquei muito curioso”, revelou o vendedor de produtos de artesanato. Segundo Marcos, comerciante na orla de Maceió, a primeira vez que esteve perto de um monociclo elétrico também foi na capital paulista. “Vi no YouTube e comecei a me aprofundar. Entrei em contato com a loja e fui visitá-los. Lá peguei os passos básicos na escolinha de monociclo da própria loja e resolvi comprar pela internet”, revelou Marcos. Atualmente, Alagoas conta somente com Diegho e Marcos como usuários do monociclo elétrico. Cidades maiores, como São Paulo, já possuem mais usuários e até mesmo lojas especializadas com os mais variados tipos e modelos.
CONSCIÊNCIA VERDE
Em um mundo cada vez mais preocupado com as questões ambientais, o monociclo, a longo prazo, pode se mostrar uma boa solução contra a grande poluição que os veículos - grandes e pequenos - emitem. E por que não? Com um motor elétrico e de grandes autonomias, que podem variar por fatores como potência, peso do condutor e inclinação em relação ao chão, muitas pessoas, incluindo Diegho e Marcos, já estão trocando seus automóveis por monociclos no deslocamento para o trabalho. Além de ser ecológico, o veículo pode ajudar a economizar dinheiro no fim do mês. “Eu uso para ir trabalhar. Boto na tomada para carregar, já que ele é elétrico, e economizo gasolina, além de IPVA. Vou ao supermercado, ao banco, ao Centro da cidade. Rodo tudo”, explica Diegho. Mas como é algo para uso individual, o monociclo ainda não dá para substituir o carro completamente, para quem tem uma família numerosa, como é o caso de Marcos. “Eu uso bastante no dia a dia, para trabalhar. Infelizmente, não consigo substituir totalmente o carro, porque tenho família, filhos. Mas, nos pequenos percursos, na parte baixa da cidade, eu resolvo tudo da minha vida”, garante o comerciante. Apesar de todas as suas facilidades, o monociclo é um meio de transporte perigoso. O trânsito já é arriscado para quem está dentro de um carro, com todo o chassi para a proteção, imagine para quem está somente em uma roda e nada mais. Diegho Faria admite que o medo existe. “Realmente faz medo. Temos os equipamentos de segurança. Usamos capacete, cotoveleira, munhequeira, joelheira, mas faz medo”, revela. “Acontece de um passar uma mensagem para o outro, para darmos um rolê pela cidade. O problema do trânsito é a velocidade dos carros. A rua pode estar cheia de carros, mas não faz medo porque a velocidade é baixa. Mas quando se pega vias de alta velocidade, qualquer trisco pode matar uma pessoa. Evitamos essas vias para não correr o risco”, explica Marcos Correia.
* Sob supervisão da editoria de Cidades.