Pandemia
PACIENTES QUE TIVERAM SINTOMAS LEVES RELATAM MEDO DE REINFECÇÃO
Estudo da Fiocruz revela que quem já teve Covid-19 com sintomas leves ou assintomáticos pode ter sequelas em casos de reinfecção


Pacientes que tiveram sintomas leves da Covid-19 se dizem amedrontados com o risco de uma possível reinfecção da doença, porém de uma maneira mais cruel. Estudo da Fiocruz em parceria com o Instituto D’Or e a Universidade Federal do Rio de Janeiro revela que, para quem já teve Covid com sintomas muito leves, ou sem sintoma nenhum, uma reinfecção pode ser bem diferente, causando até sequelas. Por isso, se faz necessário que todos redobrem as medidas de higienização. A reinfecção da Covid, no entanto, já é uma realidade. O que os pesquisadores da Fiocruz descobriram num estudo, agora, é que muitas pessoas que tiveram a forma branda da doença da primeira vez, não desenvolveram anticorpos – uma barreira de imunidade contra o coronavírus. Por isso, podem ter Covid de novo e com sintomas bem mais fortes. A alagoana Sthefane Ferreira, de 22 anos, foi diagnosticada com o novo coronavírus em maio de 2020. Os sintomas eram leves, quase inexistentes, e a jovem não ficou com sequelas. Ela contou que o mais difícil foi ficar longe da família durante o isolamento. “Foi bastante difícil, pois como eu não apresentava sintomas, na minha cabeça parecia que eu não estava “doente”, e aí tive que ficar longe das pessoas da minha família, sozinha em um quarto”, relembrou. Ela ainda completa afirmando que tem medo de ter a doença pela segunda vez. “Tenho bastante medo de pegar a doença novamente, por isso estou saindo de casa somente para trabalhar e quando é realmente necessário”. “Venho tomando todos os cuidados recomendados pelos órgãos públicos, que é o uso de álcool, uso de máscara, e, também, evitando aglomerações”, acrescentou. Mariana Santa, de 19 anos, também já pegou a doença. Ela começou a sentir os primeiros sintomas em fevereiro deste ano. Passou uma semana em isolamento e, logo depois, voltou a sua rotina normal. A jovem relatou que, apenas, sentiu falta de ar e dores de cabeça. E acredita que não terá a mesma sorte, caso venha a pegar novamente a Covid. “Sempre digo que a sorte não bate duas vezes na mesma porta, então, venho tomando todos os cuidados possíveis. Deus esteve comigo, e eu só tive sintomas leves quando fui diagnosticada com a Covid. Porém, tenho total consciência de que a segunda vez pode ser diferente. As pessoas precisam tomar cuidado. Serem comprometidas com a saúde”, frisou. Os infectologistas, no entanto, pedem que as pessoas não relaxem, enfatizando a importância de medidas básicas de higiene como: lavar as mãos com água e sabão, utilizar lenço descartável para higiene nasal, cobrir o nariz e a boca com um lenço de papel que deve ser descartado no lixo logo após espirrar ou tossir.
ESTUDO DA FIOCRUZ
Desde março de 2020, quando teve início a pandemia, os pesquisadores acompanharam semanalmente um grupo de 30 pessoas até o fim do ano de 2020. Do grupo inicial, quatro contraíram o vírus da Covid-19, sendo que algumas foram infectadas pela mesma variante. “O caso de ser infectado pela mesma variante acontece porque o paciente não teria criado uma memória imunológica. No caso de uma outra cepa, ela “escaparia” da vigilância, não seria reconhecida pela memória gerada anteriormente por ser um pouco diferente”, aponta a Fiocruz. A primeira infecção dos quatro casos relatados no estudo se deu de forma branda, enquanto que na reinfecção, os sintomas foram mais fortes e mais frequentes. Em nenhum dos casos observados foi necessário a hospitalização. “Essas pessoas só tiveram de fato a imunidade detectável depois da segunda infecção. Isso leva a crer que para uma parte da população que teve a doença de forma branda não basta uma exposição ao vírus, e sim mais de uma, para ter um grau de imunidade”, conta Moreno. “Isso permite que uma parcela da população que já foi exposta sustente uma nova epidemia” Segundo Moreno, não é possível descartar a possibilidade de uma terceira infecção, já que não se sabe ao certo quanto tempo dura a imunidade pós-Covid.
