Na madrugada do dia 14 de maio, após 6 horas de cirurgia, a equipe médica da Santa Casa de Misericórdia de Maceió fez, com sucesso, o primeiro transplante de fígado de Alagoas. Jorge Ricardo Queiroz de Andrade, de 57 anos, vítima de cirrose, em decorrência de uma hepatite, recebeu a doação de uma ex-enfermeira da Nossa Senhora da Guia, também da Santa Casa, de 43 anos, que morreu em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH). O procedimento cirúrgico foi coordenado pelo médico Oscar Ferro, que atuou com os cirurgiões Felipe Augusto Porto e Leonardo Wanderley Soutinho, os anestesiologistas Nélio Monteiro e Cira Queiroz, além da equipe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Em entrevista à Gazeta de Alagoas, o médico especialista em cirurgia do aparelho digestivo, oncológica digestiva e transplante de órgãos do aparelho digestivo, Oscar Ferro disse que essa é uma das cirurgias mais complexas que existem. “Nosso trabalho foi iniciado ainda em 2019, quando começamos a elaborar o projeto para credenciarmos Alagoas a realizar o transplante de fígado. Após enviarmos toda a documentação exigida, fomos até Brasília e, posteriormente, uma equipe do Ministério da Saúde esteve na Santa Casa de Maceió, onde vistoriou a estrutura e comprovou que tínhamos condições técnicas de realizarmos este procedimento, emitindo, assim, a certificação e nos credenciando ao Sistema Único de Saúde [SUS]”, disse o médico Oscar Ferro. O médico diz, ainda, que o paciente "casa com a instituição". "Ele vai ser acompanhado pela Santa Casa para o resto da vida dele. Agora está reagindo bem, segue na UTI, mas está estável e sendo acompanhado". Jorge esperou por dois meses e dois dias de espera do paciente, o que é considerado um tempo recorde. Depois de se inscrever na Lista de Transplantes de Pernambuco, uma vez que Alagoas ainda não realizava este procedimento, ele passou a integrar a fila de Alagoas no último dia 11 de março. O transplante, que ocorreu de forma satisfatória e cujo quadro de saúde do paciente é estável, foi realizado na Santa Casa de Maceió, credenciada pelo Ministério da Saúde (MS) para realizar este tipo de procedimento, conforme a Portaria Federal N°313, expedida em 7 de abril de 2020. "É histórico porque nunca haviam feito em Alagoas. Temos agradecer a todos os envolvidos, temos que agradecer a Santa Casa que confiou no meu trabalho, no trabalho do Filipe e numa gama de profissionais, da família Santa Casa, que abraçou esse procedimento, esse marco histórico", contou. O médico Filipe Augusto Oliveira reforça a importância de conscientizar a população para que, em caso de morte cerebral, sobre a doação de órgãos. "Mostrar a importância do serviço de transplantes. A autorização da família é fundamental. Não adianta ter uma morte cerebral, se na entrevista a família não doa. Por isso que é necessário deixar claro, ainda em vida a vontade de ser doador e que é para doar. Um doador pode doar até para 8 pessoas", concluiu.