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Nº 5885
Cidades Há quase um ano, a pequena Heloísa mudou a vida da policial militar Taís Maraba

MAIS DE 350 FAMÍLIAS ESTÃO HABILITADAS PARA ADOÇÃO EM ALAGOAS, APONTA LEVANTAMENTO

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Por TATIANNE BRANDÃO | Edição do dia 25/05/2021 - Matéria atualizada em 25/05/2021 às 04h00

Nesta terça-feira (25) é comemorado o dia nacional da adoção. O dia é voltado para que toda a sociedade reflita sobre o assunto. Em Alagoas, 355 famílias estão habilitadas para adotar no estado, enquanto 48 crianças e adolescentes aguardam por um lar. A adoção é um ato de amor, mas as famílias precisam estar preparadas para dar e receber uma imensidão de afeto. “A maioria das pessoas que estão habilitadas para adotar, idealizam as crianças, normalmente pedem um perfil restrito, geralmente criança pequena, sem deficiência e sem grupo de irmão. A maioria dos perfis dos pretendentes é sempre de crianças menores de 2 anos e no máximo 5 anos. Essa dissonância entre o perfil que os pretensos adotantes idealizam e o perfil que temos nas casas de acolhimento, é uma discrepância muito grande e a conta não fecha. Nós temos um número maior de pessoas habilitadas a adotar e um número muito menor de crianças e adolescentes a serem adotados, mas, infelizmente, esses que ficam nos abrigos não são os preferidos de quem quer adotar. Precisamos aproximar essas pessoas das crianças maiores e com outros tipos de perfis”, explica a juíza Fátima Pirauá, titular da 28ª Vara da Capital - Infância e Juventude e coordenadora da Infância e da Juventude de Alagoas. Em 2020, 156 adoções foram realizadas em Alagoas. O número é menor que 2019, quando 189 processos de adoção foram formalizados. Em 2018 o número de adoções chegou a 225, enquanto que em 2017 foram 191 adoções realizadas. A juíza falou sobre a importância da adoção. “A adoção é de extrema importância para crianças e adolescentes que são retirados da sua família por alguma violação de direito e depois não conseguem retornar porque não tem parentes que possam cuidar delas com a garantia de que elas terão todo afeto para o seu desenvolvimento. A adoção é a chance que essas crianças e adolescentes terão de ter o direito à convivência familiar”.

AMOR DE MÃE

Há quase um ano, a pequena Heloísa mudou a vida da policial militar Taís Maraba. A nova vida trouxe também grandes desafios, mas, para ela, a adoção sempre foi um desejo. Não bastasse dedicar-se a alguém que não saiu do seu ventre, Taís teve outra atitude de encher o coração de alegria. Fugindo dos padrões da maioria das famílias que se inscrevem no sistema de adoção, a militar adicionou ao seu perfil de candidata à adoção, crianças com algum tipo de deficiência. Não demorou muito para que Heloísa surgisse na vida da nova família. A pequena tem microcefalia, paralisia cerebral e faz uso de sonda gástrica, mas isso nunca foi problema para a mãe de coração. Mas antes, segundo ela, foi preciso se preparar e se sentir pronta para enfrentar todo o processo. Ela decidiu adotar sozinha.

“A minha decisão por adotar uma criança com o perfil da Heloísa veio antes dela propriamente dita. Quando a gente se sente preparada para adotar, precisamos ter o amadurecimento intelectual e psicológico, pesquisar sobre adoção, saber como faz, se sentir pronto. Quando eu procurei a Vara da Infância, já estava bastante amadurecida aos critérios que eu apontaria para a adoção. No momento de traçar o perfil, eu já tinha apontado que aceitava criança independente de gênero, cor, aceitava criança com deficiência. Minha única limitação foi com relação a idade porque queria um bebê. Coloquei esse perfil bastante aberto e fiquei no aguardo”, conta.

“Eu queria ser mãe e quando temos esse amor involuntário de mãe, eu já amava essa criança antes de ela ter um rosto, de ter um nome”. O encontro de mãe e filha se deu após uma busca ativa do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. A busca ocorre quanto tem crianças ou adolescentes que não estão dentro de um padrão mais convencional. É um trabalho gratuito, humanitário e voluntário, que visa encontrar uma família para crianças e adolescentes considerados “de difícil colocação”, como maiores de oito anos, grupos de irmãos e crianças com deficiências físicas ou mentais. “Apesar do meu perfil ser bastante aberto, o sistema não cruzou meus dados com o da Heloísa por questão de jurisdição, porque eu coloquei os estados do Nordeste como opção de adoção. Poderia ter colocado qualquer um ou todos e a Heloísa estava no Espírito Santo. Então, quando eu vi o vídeo dela na busca ativa, tive certeza de que era minha filha e lutei, corri atrás até que tudo deu certo”, comemora. Com relação ao futuro da Heloísa e as possíveis limitações, Taís é esperançosa e se empenha ao máximo para dar o melhor para a filha. “O futuro só pertence a Deus. A Heloísa tem muitas deficiências, muitas dificuldades, e nós estamos no empenhando, quando digo nós, falo em toda minha família e o corpo profissional que a assiste, então todos que têm contato com ela estão empenhados no desenvolvimento dela, além das instituições como a APAE e a Associação Famílias de Anjo que dão todo o suporte pra ela evoluir sua condição física e intelectual”.

Encontro Estadual de Adoção

Visando discutir os assuntos que permeiam a adoção, a Coordenadoria da Infância e Juventude do Judiciário de Alagoas promove o 10° Encontro Estadual de Adoção de Alagoas, de forma online. Podem participar magistrados, servidores, equipes técnicas das varas da infância e juventude, conselheiros tutelares, coordenadores e equipes técnicas das entidades de acolhimento e dos CREAS, pessoas habilitadas para adoção, pais adotantes, profissionais e estudantes das áreas de Psicologia, Serviço Social e Pedagogia. O Encontro terá como debatedores a juíza Fatima Pirauá, titular da 28ª Vara da Capital - Infância e Juventude e coordenadora da Infância e da Juventude de Alagoas; juíza Soraya Maranhão, da 1ª Vara de União dos Palmares; juiz Alberto de Almeida, da 1ª Vara de Arapiraca; e a assistente social Elisângela Ferreira, assistente social da Coordenadoria da Infância e da Juventude.

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