Alagoas entrou no último mês do primeiro semestre do ano com números ainda preocupantes de casos e mortes provocadas pela Covid-19. Todos os 102 municípios registraram óbitos, situação crítica na maioria das regiões e que elevou a ocupação de leitos de UTI. Sem previsão de quando a pandemia vai acabar - análise da Organização Mundial de Saúde (OMS) e de especialistas - possivelmente viveremos dias ainda difíceis no próximo ano. A infectologista Sarah Dominique - membro da Sociedade Brasileira de Infectologia - afirma que “se conseguíssemos vacinar em tempo breve, conseguiríamos por consequência esse controle. Mas a falta de planejamento e de garantias de vacinas causa em nós, profissionais da saúde, a perspectiva de que até 2022 vivamos a pandemia”. A reportagem perguntou à médica como avalia este momento da pandemia de Covid em Alagoas. “Momento crítico, sobretudo pela falta de cooperação de muitas pessoas que insistem em promover aglomerações de âmbito pessoal”, avalia.
DADOS DA ARPEN
Dados da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen/AL) mostram que Alagoas, de março a maio do ano passado, contabilizou 620 mortes por Covid no estado e, no mesmo período de 2021, 1.521 vítimas. Um aumento de 145,3%. No último trimestre do ano passado e de 2021, perto de 1,1 mil morreram por septicemia; 997 pessoas de pneumonia; 687 por insuficiência respiratória e 243 por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
SEGUNDA ONDA
De acordo com a infectologista Sarah Dominique, é inquestionável o sofrimento social e a necessidade financeira, mas, percebemos que os ambientes de trabalho (na maior parte) se adaptaram, estão adequados à necessidade de uso obrigatório de máscaras, higienização pessoal e distanciamento. “Por outro lado, vemos transportes coletivos superlotados e festas privadas nas quais as pessoas insistem em se expor. Números crescentes nas taxas de ocupação de leitos de UTI em ambos os setores, público e privado. Portanto, a situação é preocupante. E estamos num momento pior de lotação que os meses de maio e junho de 2020”, explica a médica.
Segundo a médica, permanecemos na segunda onda e com casos crescentes, com as possibilidades incertas sobre variantes, perenidade do efeito pós-vacinal e/ou pós-adoecimento pela primeira vez.