app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 0
Cidades Lucian diz que artistas tiveram de recorrer à venda de artesanato ou até vender os carros

 instalado ao lado do Big Bompreço da Gruta de Lourdes, em Maceió. Alagoas - Brasil.
Foto:@Ailton Cruz

ARTISTAS DE CIRCO SÃO OBRIGADOS A SE REINVENTAR PARA SOBREVIVER

Suspensão dos espetáculos por causa da pandemia tem trazido muitas dificuldades para a categoria

Por Maurício Santana | Edição do dia 12/06/2021 - Matéria atualizada em 12/06/2021 às 04h00

/Lucian diz que artistas tiveram de recorrer à venda de artesanato ou até vender os carros

 instalado ao lado do Big Bompreço da Gruta de Lourdes, em Maceió. Alagoas - Brasil.
Foto:@Ailton Cruz
/Maceió, 10 de junho de 2021
Lucian Régis - Circo Maximus, instalado ao lado do Big Bompreço da Gruta de Lourdes, em Maceió. Alagoas - Brasil.
Foto:@Ailton Cruz
/Maceió, 10 de junho de 2021
Valéria Torres - Circo Maximus, instalado ao lado do Big Bompreço da Gruta de Lourdes, em Maceió. Alagoas - Brasil.
Foto:@Ailton Cruz
/Maceió, 10 de junho de 2021
Valéria Torres - Circo Maximus, instalado ao lado do Big Bompreço da Gruta de Lourdes, em Maceió. Alagoas - Brasil.
Foto:@Ailton Cruz

Os artistas paranaenses do Circo Maximus, instalado no bairro da Gruta de Lourdes, em Maceió, estão passando por diversas dificuldades por causa dos últimos decretos estaduais em relação ao isolamento social para prevenção da Covid-19. A situação se deu após as restrições anunciadas no último dia 25, que voltaram a proibir o funcionamento de cinemas, teatros e circos, mesmo com a capacidade reduzida. A companhia circense lamenta a situação, afirmando que os espetáculos são seu único meio de sobrevivência. “A gente vive disso. Nosso único meio de viver. Aqui tem 100 pessoas. São 20 famílias, incluindo gestantes, crianças e idosos que dependem cem por cento da arrecadação da bilheteria. Não tem outro meio de ganhar dinheiro. A trupe veio, montou, investiu o que tinha, colocou estrutura em dia, fizemos mídia. A gente fez tudo pra poder trabalhar, mesmo com capacidade reduzida, mas ainda assim nos barraram”, lamenta Lucian Régis, membro da administração e locutor do espetáculo realizado pelo Circo Maximus. Com capacidade para 1.700 pessoas, o circo passou um ano parado, para então retomar suas atividades e passar por outras cidades alagoanas, como Arapiraca e São Miguel dos Campos. O espetáculo seguiu apresentando suas diversas atrações: malabaristas, palhaços, show de mágica, equilibrismo, trapézios, globo da morte, entre muitas outras. Contudo, por causa de outro decreto, o Maximus ficou parado por 60 dias em São Miguel dos Campos. Após esses dois meses em inatividade, o governador ampliou as restrições, permitindo que o espetáculo fosse realizado com 30% de sua capacidade, o que motivou a equipe do Maximus a passar por Maceió. Contudo, quinze dias após a liberação, novas ordens estaduais proibiram o show de acontecer novamente, um dia antes da estreia na capital alagoana. “Sem aviso prévio. Não tem aviso, não tem nada. Só fecham. Pra mim isso chega a ser uma comédia. Abrir por quinze dias e fechar de novo é muita falta de senso. Não falo só da gente, mas de todas as empresas fechadas. Isso aí pode quebrar o povo. Mas a gente não tem muito o que fazer além de questionar essas decisões e esperar”, afirma Lucian Régis em tom de revolta por causa da instabilidade dos decretos estaduais. O locutor sugere ainda que órgãos responsáveis ligados ao governo deveriam flexibilizar horários e capacidade de público, assim como é feito em bares e restaurantes. “Eles não têm olhos para isso. Falta uma pessoa responsável, ao menos um secretário da Cultura que olhe e diga ‘tem um circo na cidade, vamos pensar em uma forma de manter o funcionamento para que eles possam funcionar com o decreto também?’. Isso é o que falta, não tem isso”.

PREJUÍZOS MATERIAIS

A equipe do circo se queixa também do enorme prejuízo material causado pelo tempo de inatividade, como as lonas em volta de toda a estrutura, os pneus das carretas ressecados por estarem sem rodar, os veículos que acabam tendo partes enferrujadas diante da exposição às chuvas. “É um material que precisa de muita manutenção, mas não dá pra fazer isso se não tem dinheiro entrando”, lamenta o membro da administração do Circo Maximus. Procurando novos meios para se manter durante esse período de inatividade, os integrantes tomaram diversas medidas, desde recorrer ao artesanato, ou até mesmo ter que vender seus próprios carros. Apesar dos esforços, os funcionários do circo seguem enfrentando diversas dificuldades por não estarem com o espetáculo aberto ao público. “Fizeram raquete para vender, alguns estão vendendo bolas na rua, teve gente aqui que já vendeu até o carro, mas às vezes não dá nem pra custear alimentação. Sem falar de outras necessidades como remédios, tem telefone também. São muitas coisas que se tornaram básicas hoje em dia além de arroz e feijão”, conta Valéria Torres, ex-integrante do espetáculo e esposa de um dos secretários do Circo Maximus.

ABALO EMOCIONAL

Além do prejuízo material, a equipe também se sente afetada emocionalmente pelo tempo em inatividade. A mudança brusca na rotina dos artistas, acostumados a se apresentarem três dias por semana em três sessões diárias, afetou o psicológico de diversos membros da trupe circense, que relatam até mesmo sintomas físicos gerados pela preocupação. “Eu estou abalada. Acordo todo dia com dor de cabeça pensando no que será de mim e do meu futuro. Não estamos conseguindo manter nosso padrão de vida, nossas apresentações, e isso prejudica nosso emocional. O que vai ser de nós se isso se prolongar? Essa é nossa principal preocupação”, diz Valéria, acrescentando que outros membros da equipe também passam por sintomas parecidos. Assim como o locutor Lucian Régis, Valéria também questiona o motivo das medidas governamentais não incluírem o espetáculo, uma vez que bares e restaurantes seguem abertos desde que se adaptem às restrições. “Nossa classe foi a mais prejudicada. Supermercado funcionando, bar funcionando, restaurante funcionando. Só a gente não teve nem mesmo a opção de funcionar mesmo com capacidade menor. É triste ficar parado e não poder fazer nada”.

* Sob a supervisão da Editoria de Cidades

Mais matérias
desta edição