Em 2020, ano que marcou o início da pandemia do novo coronavírus, os jovens eram peças determinantes na cadeia de transmissão. Agora, a população entre 20 a 49 anos representa mais de 60% dos casos confirmados e ultrapassa 15% das mortes por covid em Alagoas. São os mais afetados pela pandemia e desenvolvem a forma grave da doença. Maceió apresentou até a última semana 79,9 mil casos confirmados para a covid-19, sendo 2.397 óbitos de residentes na capital. As faixas etárias mais afetadas são de 30 a 39 anos (19.778 ou 24,7% das notificações), seguido de 40 a 49 anos (16.640 ou 20,8%) e 20 a 29 anos (16.038 ou 20%).

O infectologista Fernando Maia, da Sociedade Alagoana de Infectologia, explica que estamos passando pelo pior momento da pandemia, com casos em alta, hospitais cheios, UTIs lotadas e que ainda há pessoas sem respeitar as medidas necessárias para evitar a proliferação do coronavírus.

“A gente vê muita gente andando sem máscara na rua, a gente vê as pessoas fazendo aglomeração e o descuido com a higiene das mãos. Então isso explica em parte esse aumento importante de casos, aliado às variantes que estão circulando com muita intensidade e ainda a falsa sensação de segurança que as pessoas têm já que alguns foram vacinados e os que não foram acham que como a vacinação já começou a doença está controlada, mas não está”, disse Fernando Maia. A maior concentração de casos naqueles que não são idosos se deve principalmente a três fatores, primeiro pelo aumento das aglomerações – os jovens estão saindo mais, voltaram a trabalhar e às aulas, também participam de reuniões, de encontros e isso facilita a contaminação pelo vírus. “Em segundo lugar, a falta das medidas protetivas e, em terceiro, têm as novas variantes do vírus que são mais contagiosas do que antes e também porque a população jovem na sua maioria ainda não foi vacinada. Então a gente tem observado uma predominância de casos em jovens porque os idosos em sua maioria já está vacinado e já se observa uma redução muito importante dos casos nessa faixa etária”, finaliza Fernando Maia.

PANDEMIA ACELERA

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), as hospitalizações e mortes entre jovens estão aumentando à medida que a pandemia de covid-19 acelera nas Américas. Os adultos de todas as idades – incluindo jovens – estão ficando gravemente doentes e muitos deles estão morrendo. O boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, atualizado no fim da primeira semana de junho mostra que 212 mil das 280 mil pessoas hospitalizadas em decorrência da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por covid-19 tinham idades de 20 a 49 anos. Inaugurado há pouco mais de um ano, o Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA) atendeu aproximadamente 2,5 mil pacientes. Em maio, 53,43% dos que deram entrada tinham entre 40 e 59 anos, segundo informou a assessoria da unidade. A diminuição dessa faixa etária é reflexo da vacinação contra a covid-19 na população acima de 60 anos, ressaltou Glauciane Fernandes, infectologista do HMA. “Por um lado os jovens estão diminuindo os cuidados, por outro a vacinação em massa dos pacientes acima de 60 tem contribuindo muito para diminuição da hospitalização desses pacientes”, diz a médica.