Na última terça-feira (06), o Ministério da Saúde anunciou a inclusão de bancários e funcionários dos Correios como grupo prioritário para receber as vacinas contra a Covid-19. Somadas, as duas categorias abrangem cerca de 600 mil pessoas em todo o Brasil. Em Alagoas, a soma das duas classes resulta em cerca de 3.050 funcionários, sendo 2.200 bancários e 850 nos Correios. Para os sindicatos que representam esses trabalhadores, a medida federal representa um enorme avanço, mas que demorou a ser implementado. “Foi importante a inclusão dos trabalhadores dos Correios, mesmo que de forma tardia. Queríamos que tivessem incluído tão rápido quanto nos incluíram em serviços essenciais. Mesmo assim, é algo muito importante, pois pode salvar vidas tanto dos funcionários, quanto do resto da população, já que poderiam ser considerados um vetor dessa doença”, diz Alysson Guerreiro, presidente do Sindicato dos trabalhadores dos Correios em Alagoas (Sintect/AL).
Ele complementa informando que mais de 200 funcionários dos Correios perderam a vida para a Covid-19 em todo o Brasil. Alysson diz também que, até o momento, não há estimativas sobre esse número apenas no estado de Alagoas.
A demora da inclusão da classe nos grupos prioritários também foi afirmada pelo Sindicato dos Bancários de Alagoas (Seeb/AL), dizendo que os funcionários dos bancos estão em linha de frente do atendimento à população, se expondo a riscos de contaminação e colocando as pessoas que têm contato com esses trabalhadores na mesma situação arriscada. “Desde o início da pandemia, os bancários estiveram na linha de frente do atendimento ao povo, abrindo todos os dias de segunda a sexta. Foi uma injustiça não incluírem essa classe no PNI [Plano Nacional de Imunização], então essa decisão vem pra corrigir uma injustiça. É uma medida de proteção tanto pros funcionários, quanto pra população”, afirma Márcio dos Anjos, do Sindicato dos Bancários. De acordo com Márcio dos Anjos, foram mais de 50 bancários que perderam a vida para a Covid-19 no Brasil, sendo 10 apenas em Alagoas.
REIVINDICAÇÕES
De acordo com os membros dos dois sindicatos, os funcionários dos Correios e também os bancários vinham fazendo constantes solicitações para a inclusão das classes no grupo prioritário para vacinação, mas sem muito sucesso. Segundo os representantes, reuniões foram realizadas com órgãos públicos locais para que isso fosse realizado.
“A gente teve reuniões com a secretaria municipal e estadual de saúde, fizemos essas solicitações, mas infelizmente não tivemos êxito. Só agora com a movimentação em Brasília é que a gente conseguiu ser incluído”, disse o presidente do Sindicato dos Correios, contando ainda que a última reunião foi realizada junto à Secretaria Estadual de Saúde no dia 07 de junho.
A situação ocorreu de maneira semelhante com os funcionários dos bancos em Alagoas, que segundo o sindicato, faziam cobranças constantes para inclusão nos grupos prioritários, uma vez que lidavam com centenas, por vezes até milhares de pessoas diariamente.
“Era perfeitamente natural que essa cobrança existisse, cobrança essa que vinha dos bancários de maneira mais agressiva ao próprio sindicato. Teriam que cobrar a quem é verdadeiramente responsável por tudo isso, que é o governo federal, mas o sindicato contribuiu. A gente compreendia perfeitamente a ansiedade dos colegas que estavam sendo obrigados a trabalhar em tempos tão difíceis”, conclui Márcio dos Anjos.