Justiça
ACUSADO DE MANDAR MATAR ABINAEL É CONDENADO A MAIS DE 20 ANOS
Ericksen Dowell da Silva foi condenado por crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver


Após mais de 13 horas de julgamento, a Justiça de Alagoas condenou Ericksen Dowell da Silva Mendonça, apontado como autor intelectual na morte de Abinael Ramos Saldanha, ocorrida em 2016, a cumprir 20 anos e 9 meses em regime fechado, pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. O julgamento aconteceu nessa terça-feira (26), na 3ª Vara Criminal de Rio Largo, conduzido pela juíza Eliana Machado. Deivison Bulhões da Rosa Santos, Jonathas Barbosa de Oliveira e Jalves Ferreira da Silva também foram julgados e condenados pelo mesmo tempo de pena de Ericksen. Já o réu Jonathas Barbosa de Oliveira foi condenado somente por ocultação de cadáver e teve pena de dois anos. Juntas, as penas chegam a mais de 60 anos de reclusão.
ÚLTIMO A FALAR
Como uma das testemunhas no julgamento, Regivaldo de Jesus Clementino contou que falava por telefone com Abinael Saldanha, sendo essa a última ligação da vítima. Segundo ele, no dia em que desapareceu, Abinael falou que estava saindo da casa da noiva. "Ele falou que estava vendo Ericksen, que estava fazendo sinal de beleza pra mim. Eu não consegui escutar a voz de Ericksen, mas falei que também estava mandando um beleza. Nisso, Abinael disse que me ligaria e não ligou. Liguei novamente e, na segunda vez, ele reforçou que já me ligaria e, infelizmente, esse já nunca aconteceu". Inclusive, a ex-noiva de Abinael, Elayni Kelly Oliveira de Medeiros, chegou a ligar para Regivaldo para saber sobre o paradeiro dele. "Pelo que consta nos fatos, fui a última pessoa a falar por telefone. E, depois, não tivemos outro contato. Nas últimas palavras, nós estamos discutindo sobre uma viagem a Petrolina, no interior em Pernambuco". Outra testemunha ouvida no julgamento foi Alexandre Gomes, proprietário da empresa que prestava serviços para a Serasa, onde trabalhavam Ericksen e Abinael. Em depoimento, ele relatou que Ericksen era responsável pelas lojas de Maceió e que, devido à ausência da entrega de relatórios de vendas, desvios na empresa começaram a acontecer. A estimativa é que mais de R$ 28 mil foram desviados. "Em 2016 eu estava abrindo um escritório em Macaé, no Rio de Janeiro. Para ensinar o serviço aos novos funcionários, enviei Abinael por dois meses para essa nova empresa. Já o Ericksen ficou tomando conta da loja de Maceió. Quando Abinael voltou para o escritório, voltei a cobrar os relatórios de vendas que Ericksen não estava enviando durante esses dois meses. Ao contrário de Abinael, que sempre enviava antes do mês, nunca havia tido falta de dinheiro ou qualquer irregularidade, Ericksen não me enviava nada. Então o problema começou quando Abinael se ausentou. Foi a partir da ausência de relatório, que os desvios começaram a acontecer. A estimativa é de que o desvio tenha sido de mais de 28 mil reais", disse Alexandre Gomes.
NOTÍCIAS
No Fórum da cidade de Rio Largo, Elayni Kelly Oliveira de Medeiros, ex-noiva de Abinael Saldanha, relatou como foi o último dia ao lado da vítima. "Fomos trabalhar e almoçamos normalmente. No fim da noite, Ericksen perguntou se teria e se íamos ao culto, informamos a ele que não, que iríamos ao salão encontrar com o decorador do nosso casamento". Depois do salão, Kelly relata que Abinael foi até a casa dela. "Fui levar na porta e o Abinael disse que iria ligar pro Regis [Regivaldo]. Eu pedi pra ele me avisar quando chegasse. Eu mandei mensagem e eu não tive resposta, imaginei que ele teria encontrado alguém no caminho. Perto de 22 horas mandei novamente mensagem, e não chegou a mensagem. Liguei e o telefone chamou, mas caiu. Da segunda vez, o telefone já estava desligado. Liguei para o telefone do Ericksen e não consegui contato com ele nesse dia. Passei a noite acordada, meu pai foi até onde ele morava e não tinha notícia alguma. Por volta das 7 horas da manhã, liguei pro Wallei, para prestar queixa do desaparecimento e fui informada que só poderíamos prestar queixa após 24 horas." Com o passar das horas, Kelly chegou a perguntar ao Ericksen se ele tinha notícia do Abinael. "Ele [Ericksen] participou das buscas e dos ciclos de orações. Depois ele começou a falar que Abinael deveria ter ido viajar e nisso comecei a desconfiar da atitude dele. Nunca fiquei sabendo de desvios, só quando ele foi chamado para depor e depois que os telefones foram encontrados com um deles. O Ericksen foi reconhecido por ter vendido o telefone. Foi nesse dia que eu soube o que estava acontecendo", informou a ex-noiva.