Saúde
MP CONFIRMA ABERTURA DE INQUÉRITO POLICIAL CONTRA MATERNIDADE
Investigação deve apurar uma série de irregularidades envolvendo pacientes da Nossa Senhora de Fátima


O Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL) informou, na manhã desta quarta-feira (03), que a Polícia Civil (PC) já instaurou inquérito para apurar as supostas irregularidades envolvendo a Maternidade Nossa Senhora de Fátima. Mais uma denúncia veio à tona na última quarta-feira (27). Uma mulher, que deu entrada na unidade, no dia 3 de outubro, grávida de nove meses, e o bebê dela estão internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A assessoria de comunicação do órgão ministerial comentou que, até o presente momento, não recebeu nenhuma denúncia relativa à unidade de saúde, mas que acompanha o caso junto à polícia. “O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPEAL), até o momento, não recebeu denúncias, mas foi informado pela Polícia Civil de que já há Inquérito Policial instaurado. A persecução inquisitorial será acompanhada pelos promotores de Justiça”. Ainda de acordo com o órgão, somente após a conclusão de tal procedimento, será possível definir de qual ou quais promotorias serão as atribuições referentes ao caso. O Ministério Público ressalta que denúncias podem ser feitas por meio da sua Ouvidoria, pelo [email protected].
ENTENDA O CASO
A última denúncia contra a maternidade envolve uma mulher, que deu entrada na unidade, no dia 3 de outubro, grávida de nove meses, e o bebê dela, internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A família da gestante registrou um Boletim de Ocorrência (B.O.) e acusa o hospital de negligência. Vale lembrar que, nos últimos dias, uma gestante morreu após passar 12h aguardando uma cesariana. Há um ano, outro caso que chamou atenção foi de um bebê que nasceu morto e desapareceu da unidade. Até hoje, o corpo da criança não foi encontrado. Familiares de Fernanda contam que ela passou por uma cesariana e que o bebê foi direto para a UTI. A mãe, por sua vez, teve alta médicas dois dias depois do parto, mas retornou ao local após cinco dias, reclamando de muitas dores. “Ela ainda estava meio tonta, enjoada e indo para casa; foi só complicação. Os médicos disseram que a cesariana foi um desastre”, disse Vera Lúcia Calheiros, mãe da paciente. O primo dela, Felipe Calheiros, cobra uma explicação por parte da maternidade. Ele disse que Fernanda teve que fazer uma cirurgia para retirar o útero após uma infecção. “A gente quer que eles se expliquem, que mostrem o que aconteceu, porque não existe você ter um parto, receber alta dois dias e, com cinco dias depois, retornar e retirar o útero, porque estava infeccionado, uma pessoa saudável. Queremos explicações e que eles se responsabilizem pelo que aconteceu, para que isso não aconteça com outras pessoas”.
IRREGULARIDADES
Este não é o primeiro caso envolvendo a maternidade este ano, nem mesmo este mês. No dia 21 de outubro, a auxiliar de cozinha Mayara Sthefanny da Costa Nascimento, de 25 anos, morreu logo após o parto. O bebê nasceu, mas está internado na UTI Neonatal do Hospital Veredas, por ter ingerido mecônio (as fezes do recém-nascido). O estado de saúde dele é considerado grave. Mayara estava na terceira gestação, queria fazer a laqueadura e não tinha histórico de complicações. Desta vez, ela sofreu hemorragia provocada pelo rompimento do útero, teve uma parada cardiorrespiratória, precisou ser intubada e entrou em óbito por falência múltipla dos órgãos. Quando perdeu a vida, já tinha sido transferida para a Maternidade Escola Santa Mônica (MESM), especializada no trato de gestantes de alto risco. O marido dela, o mecânico José Wellison dos Santos Marques, de 25 anos, procurou o 2º Distrito Policial (DP), na semana passada, para registrar um Boletim de Ocorrência. Ele pede à polícia que investigue as circunstâncias do caso, já que a mulher tinha indicativo de cesariana, mas acabou sendo submetida a um parto natural. Há um ano, um bebê que nasceu morto depois de complicações na gravidez desapareceu na Maternidade Nossa Senhora de Fátima. Passados 365 dias, a família ainda não tem respostas sobre o caso. O pai da criança, Issael Carlos, disse à TV Gazeta que o hospital não deu explicações sobre o sumiço da criança. ‘Simplesmente sumiu, não entrou em contato e a gente fica se perguntando, pois, 365 dias depois, a gente não tem informações sobre o corpo do meu filho. Não basta a dor, tem o transtorno psicológico, teve a questão emocional da minha esposa, que ficou sem dormir pelos primeiros três meses, e o hospital não dá nenhum posicionamento; agora é esperar pela Justiça”, disse.