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ALTA DA GASOLINA PROVOCA MIGRAÇÃO PARA MOTOS E BICICLETAS

Tentando driblar os preços dos combustíveis, condutores alagoanos optam por transporte mais barato

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Venda de motocicletas cresceram em Alagoas este ano, na comparação com o ano passado
Venda de motocicletas cresceram em Alagoas este ano, na comparação com o ano passado -

Com os veículos cada vez mais caros e a disparada dos preços dos combustíveis, a população busca cada vez mais alternativas para sobreviver aos gastos mensais e se manter ainda frente às outras altas, à inflação, e ao valor do dólar. Para a mobilidade, a solução tem sido veículos com um menor custo beneficio, e o mercado de motos e bicicletas se dilataram com esse cenário. "Muita gente veio atrás da moto até mesmo pra poder sobreviver ao desemprego, provocado pela pandemia, e fazer entrega ou mototáxi. Gente que nem sabe pilotar vindo atrás de moto. Havia, até pouco tempo atrás, uma fila de espera. As motos nem paravam na loja. O combustível aumenta, a procura aumenta também", revela Jorge Loureiro, vendedor de motos em uma revendedora da capital.

A mesma tendência foi seguida pelos ciclistas de Maceió. "Antes, vendíamos cerca de duas bicicletas diariamente, agora, são de quatro a seis todos os dias. E nos últimos dois meses, as pessoas tem comentado bastante sobre a alta dos preços. O pessoal fala que vai ter que voltar a andar de bike, compra capacete, lanterna e os adesivos refletivos", diz Beatriz Souza, funcionaria de uma loja de bicicletas na cidade. O biólogo Rafael Barros é uma dessas pessoas. Com um deslocamento de seis a oito quilômetros por dia na parte baixa de Maceió, o profissional aposentou o carro para as rotas diárias do trabalho e assumiu a velha bike de passeio como veículo diário. "Espero que alivie uns 60% a 70% do orçamento, visto que só vou usar o carro pra me locomover para grandes distâncias. O que me fez tomar a decisão foram as últimas altas no preço da gasolina", explica. Ele conta que, como cidadão, o sentimento e de desamparo. A mudança, que é possível para ele, é arriscada para grande parte da população, e para muitos até impossível, devido as distâncias. "Para quem necessita de muito tempo e percorrer grandes distâncias é uma mudança radical, e para algumas pessoas até inviável. A impressão da realidade do país atualmente que tenho é de abandono, descaso, corrupção e falta de planejamento com o dinheiro público", desabafa. De acordo com dados do governo federal, em 2020 foi registrada a abertura de 4.800 empresas que desempenham atividades econômicas relacionadas ao setor de bicicletas, o que representa um crescimento de 26% em relação a 2019, quando o número foi de 3.800. Ao final desse ano já eram contabilizados mais de 36 mil empreendimentos no ramo, com a liderança de microempreendedores individuais, seguidos por microempresas. Já para João Victor Santos, motoqueiro desde que tirou habilitação, a motocicleta é a salvação do orçamento no fim do mês. Ele, que também faz uso de carro eventualmente, pondera que viver apenas com o automóvel, hoje, é totalmente inviável. "Por causa do preço da gasolina eu tive que fazer muitas coisas: utilizar a moto somente quando for necessário, evitar tá indo em lugares em horários mais complicados em relação ao trânsito. No meu casa eu até me mudei pra mais próximo do trabalho. Mesmo assim, o uso de moto compensa muito mais. Fazendo as contas do quando rodo, pensando no carro que tenho, uma média simples pra qualquer pessoa, só de combustível eu gastaria R$ 650 mensais, isso é metade do salário de muita gente", contabiliza.

PERIGOS NO TRÂNSITO

Apesar do melhor custo-benefício, a motocicleta carrega o estigma de maior envolvimento em acidentes no estado. De acordo com dados levantados pela Agência Tatu, o Hospital Geral do Estado (HGE) contabilizou, de janeiro a junho deste ano, 1.408 acidentes envolvendo motocicletas, o que representa 42% de todas as ocorrências atendidas na unidade. No total, o HGE registrou 3.343 acidentes com vítimas nesse período. Nos últimos três anos, foram 24.682 acidentes, o que representa 51% do total de acidentes registrados em Alagoas entre 2019 à 2021. "Mesmo com o desrespeito constante no trânsito, para quem usa o transporte todos os dias, a ralidade dos riscos é algo com o que se precisa lidar. Os carros não respeitam de forma nenhuma, mas não acho muito arriscado, depois que você pega o jeito. Pra mim, por exemplo, é tranquilo, e me sinto muito mais seguro pilotando a moto do que dirigindo o carro", relata Victos Santos. Já o novo ciclista prefere evitar os lugares de pico, para minimizar o perigo de acidente. "O risco existe, até por ser um meio de transporte que a gente fica mais exposto. Mas até agora não tive nenhum perrengue, pois durante meus percursos sempre procuro ruas menos movimentadas", diz Rafael Barros.

* Sob supervisão da editoria de Cidades.

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