Testemunha liga Mano ao assassinato de Ceci
GILVAN FERREIRA, MÁRIO LIMA, ANDRE CESAR E PLÍNIO LINS O depoimento de um dos integrantes da quadrilha envolvida na guerra entre policiais civis pode mudar os rumos das investigações do assassinato da deputada federal Ceci Cunha, em dezembro de 1998.
Por | Edição do dia 12/05/2004 - Matéria atualizada em 12/05/2004 às 00h00
GILVAN FERREIRA, MÁRIO LIMA, ANDRE CESAR E PLÍNIO LINS O depoimento de um dos integrantes da quadrilha envolvida na guerra entre policiais civis pode mudar os rumos das investigações do assassinato da deputada federal Ceci Cunha, em dezembro de 1998. Em depoimento reservado ao juiz da 1ª Vara Criminal de Maceió, Daniel Accioly, o acusado Walkmar dos Santos revelou que o assassinato da deputada federal Ceci Cunha e de mais três parentes foi planejado e executado pelos policiais civis Robson Rui Gomes de Araújo, Fininho, Valter Santana e Sinvaldo Feitosa, os dois últimos assassinados na guerra entre policiais civis. Autoria Segundo Walkmar dos Santos, que trabalhava como motorista do bicheiro Plínio Batista e de outros integrantes da quadrilha, a morte de Ceci Cunha foi encomendada pelo então governador Manoel Gomes de Barros, que teria pago R$ 300 mil ao grupo para a execução da deputada federal. Os autores do homicídio da deputada federal Ceci Cunha e seus familiares são Robson Rui, Sinvaldo, Fininho e Valter Dias, que teriam recebido 300 mil reais pelo crime. Valter Santana foi quem intermediou e negociou com o governador Manoel Gomes de Barros a morte da deputada Ceci Cunha, afirmou Walkmar dos Santos ao juiz Accioly. O depoimento-bomba de Walkmar dos Santos foi acompanhado pelo promotor Márcio Roberto Tenório Albuquerque e pelo defensor público Walter Rodrigues Melo. Por medida de segurança, o depoente prestou depoimento encapuzado. Guerra na polícia Walkmar garante que a guerra entre as duas facções da Polícia Civil, que resultou na morte dos policiais civis Sinvaldo Feitosa e Valter Dias Santana e do estudante de Direito Flávio Humberto, cunhado do policial Valter Lima, começou depois da morte de Ceci. A discórdia (a guerra) entre Robson Rui e Valter Santana começou na divisão do dinheiro pago pela morte da deputada Ceci Cunha. Robson Rui recebeu a menor parte do dinheiro (R$ 300 mil), gerando daí a inimizade com Valter Santana. Foi Robson Rui que assassinou Valter Santana. Eu lembro que Sinvaldo falou que, se não fosse o Valter, quem iria morrer era o Robson Rui, revelou Walkmar ao magistrado. Walkmar dos Santos acrescentou que o policial civil Sinvaldo Feitosa foi assassinado por Fininho, Vanderlei, Tenório e Clemilton. Sinvaldo teria sido assassinado como vingança pela morte do policial Valter Dias Santana. Alegando que poderia ser vítima da vingança da quadrilha, Walkmar dos Santos pediu para ser incluído, juntamente com sua esposa, Ana Maria dos Santos, e seu filho de oito meses, no Programa de Proteção às Testemunhas do Ministério da Justiça. Por determinação do juiz Daniel Accioly, Walkmar dos Santos foi transferido para uma cela na superintendência da Polícia Federal. O juiz determinou que cópias de seu depoimento, pela gravidade das acusações, sejam enviadas com urgência ao procurador-geral de Justiça de Alagoas, ao Tribunal de Justiça, ao secretário de Defesa Social, à Polícia Federal, ao ministro da Justiça e ao procurador-geral da República. Walkmar dos Santos declarou que já foi julgado por homicídio e absolvido. Ele foi denunciado pelo delegado Roberto Lisboa por envolvimento na morte do policial civil Valter Santana, ocorrida na Via Expressa, no ano passado. Ele foi denunciado pelo promotor Márcio Roberto por homicídio duplamente qualificado, tentativa de homicídio e formação de quadrilha.