Mais de cem pessoas em situação de rua passarão um dia em ambiente inclusivo, compartilhando momentos de diversão, dentro de um parque aquático, em contato com a natureza. Por iniciativa do Movimento de Moradores de Rua, 120 pessoas serão levadas hoje ao Lindoya Parque, em Satuba, Região Metropolitana de Maceió, para confraternização natalina.
O dia de lazer inclui vasta programação com churrasco, banhos de piscina, jogos de futebol, aulas de zumba, café da manhã, almoço e lanches. Tácio, que vive em situação de rua, afirma estar alegre pela oportunidade de ir a um parque e já prevê que será um dia, em suas palavras, “maravilhoso”.
“A realização do Lindoya é um dia de muita alegria. É uma oportunidade que eu vejo como um dia maravilhoso, que faz a diferença na minha vida. Todo dia eu vejo as mesmas coisas na rua e participar de um momento desses me deixa muito feliz porque pelo menos eu vou passar um dia fora da rua”, expõe um dos beneficiários da ação.
Para o coordenador do Movimento dos Moradores de Rua, Rafael Machado, a iniciativa não é só uma maneira de possibilitar um dia feliz para esses moradores, mas também um mecanismo de inclusão social. “O objetivo principal dessa ação é trabalhar a inclusão social, aplicar a redução de danos e fortalecer os vínculos comunitários”, afirma Machado, lembrando que essa é a 4ª edição do projeto.
Nas três vezes anteriores, a ação compreendia atividades voltadas para orações e distribuição de alimentos.
Segundo Rafael Machado, não há dados estatísticos sobre a média de pessoas em situação de rua em Alagoas. Mas a estimativa é que em Maceió os movimentos sociais atendem por ano cerca de 4.000 pessoas nessa condição, 800 em Arapiraca e cerca de 200 em Palmeira dos Índios. Atualmente, em Maceió existem duas casas de passagens que acolhem moradores individualmente ou em família. Uma delas é a casa de passagem Manoel Coelho Neto, localizada no Poço e a outra é a Casa de Ranquines, que fica no bairro do Jaraguá. Existem também os Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua em Maceió e Arapiraca, que fornecem diversos tipos de atendimentos a essa população. Para Rafael Machado, não existem políticas públicas aplicadas de forma eficiente Alagoas.
“O Governo do Estado mal investe. Só agora na pandemia que conseguiu investir R$ 1,2 milhão que foi aprovado com o financiamento dos Centros Pop. Antes não existia e agora também não existe. O Estado é o órgão principal no financiamento das políticas públicas, mas o que a gente tem hoje são políticas municipais, como os Centro Pop, casas de passagens e só”, pontua o coordenador do Movimento dos Moradores de Rua.
PANDEMIA MUDA PERFIL
Segundo informações da Casa de Ranquines, localizada em Maceió e considerada a segunda maior casa de abrigo do País, o perfil dos moradores se alterou durante os dois anos de pandemia. Se, antes, as características eram de pessoas usuárias de drogas ou aquelas que perderam o vínculo familiar, como homossexuais que foram expulsos de casa, agora os desempregados têm buscado o acolhimento.
Ainda segundo as informações da Casa de acolhimento, mesmo havendo uma diminuição dos impactos da pandemia na população, é perceptível o crescimento de pessoas em situação de rua que buscam a casa porque ficaram desempregadas. E isso pode ser visto também no período de fim de ano, mesmo quando o comércio costuma fazer contratações temporárias de trabalho.
Outro perfil analisado pela casa é o de pessoas que vieram de outros estados com promessa de emprego. Quando os planos de trabalho deram errado, elas não tiveram como voltar para o estado de origem e pediram ajuda. A Casa de Ranquines tem capacidade para acolher, diariamente, 400 pessoas.