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Nº 5759
Cidades

Tabagismo � mais freq�ente na classe pobre

FÁTIMA ALMEIDA Aproximadamente 200 países ligados à Organização Mundial de Saúde (OMS) comemoram nesta segunda-feira (31) o Dia Mundial Sem Tabaco. O tema, este ano, é “Tabaco e Pobreza – um ciclo vicioso” e o Brasil será a sede mundial das comemorações.

Por | Edição do dia 30/05/2004 - Matéria atualizada em 30/05/2004 às 00h00

FÁTIMA ALMEIDA Aproximadamente 200 países ligados à Organização Mundial de Saúde (OMS) comemoram nesta segunda-feira (31) o Dia Mundial Sem Tabaco. O tema, este ano, é “Tabaco e Pobreza – um ciclo vicioso” e o Brasil será a sede mundial das comemorações. A escolha, segundo o médico Marcos Davi de Melo, oncologista da Santa Casa de Misericórdia de Maceió e professor da Escola de Ciências Médicas (Uncisal), deve-se à constatação de que a indústria do tabagismo vem impondo uma carga cada vez mais pesada sobre os países em desenvolvimento. “Dados da OMS mostram que existem no mundo cerca de 1,1 bilhão de fumantes, dos quais 80% vivem nesses países. E mais, o consumo do tabaco é muito maior nas classes mais pobres, onde predomina a desinformação”, diz ele. Segundo o médico Marcos Davi, as estatísticas revelam ainda que os fumantes, comparados aos não fumantes, apresentam riscos 10 vezes maiores de adoecer do pulmão; cinco vezes maiores de sofrer enfarto ou ser acometido de uma bronquite crônica ou enfisema pulmonar e duas vezes mais de sofrer um derrame cerebral. “A OMS considera o tabagismo a principal causa de morte evitável no mundo”. Ainda na relação entre fumantes e não-fumantes, o médico cita outros dados da OMS que revelam que a maior quantidade de mulheres fumantes (24% da população feminina) está nos países em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos o percentual de mulheres que fumam fica em torno de 7%, o que fortalece a tese da forte relação existente entre o tabagismo e a pobreza. Dinheiro queimado Na avaliação de Marcos Davi o tabagismo acaba gerando uma inversão perversa, onde recursos da saúde em países pobres, que deveriam estar sendo aplicados no controle de doenças transmissíveis e na redução das taxas de mortalidade infantil, têm que ser divididos também para tratar de doenças derivadas do consumo do tabaco. Ele diz que não existem estatísticas fechadas sobre os gastos no Brasil com tratamento de vítimas do tabagismo, mas há dados (aproximados) do Ministério da Saúde que mostram que o dinheiro gasto com doenças derivadas do tabaco, entre atendimento aos pacientes, cobertura de aposentadorias precoces e benefícios pagos a doentes, é pelo menos duas vezes e meia maior do que a arrecadação de tributos vindos da indústria do tabaco. “O maior investimento que um tabagista pode fazer por si mesmo é largar o vício. É mais importante ainda do que adquirir um convênio de saúde”, compara Marcos Davi. De acordo com o coordenador do Programa de Combate ao Tabagismo da Secretaria Estadual de Saúde, João Fachinett, há estimativas do Banco Mundial de que o consumo de produtos do Tabaco gera no mundo a perda de 200 bilhões de dólares ao ano. “O indivíduo chega a uma idade de 40 ou 50 anos e, ao invés de estar trabalhando para a sua família, está sendo um encargo, tratando-se de doenças pulmonares obstrutivas crônicas ou de câncer”, diz ele, lembrando que o tabagismo é responsável diretamente por 30% das mortes por diversos tipos de câncer, e por 90% das mortes por câncer de pulmão.

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