Turismo
RENDEIRAS DO PONTAL DA BARRA RECLAMAM DE BAIXO MOVIMENTO
Artesãs criticam falta de divulgação do bairro por parte dos gestores municipais e estadual


“Era pra gente tá vendendo bastante. Hoje, seriam de 10 a 12 ônibus de turistas aqui, mas agora é um lá e um cá. Não estamos tento movimento nenhum. Desde o começo da temporada que nós estamos sofrendo isso aqui”. O relato é da artesã Rosélia Costa, que vende os seus produtos de filé e renascença há trinta anos no bairro do Pontal. Os apontamentos se repetem entre as demais artesãs e vendedores em cada um dos pontos comerciais, todos esvaziados. “Antes da pandemia, janeiro era mais movimentado. Nessa comparação, posso dizer que aqui caiu uns 70%. Na pandemia fechamos, e agora pra se recuperar está complicado. O filé nem está saindo tanto. Turista aqui vem por conta própria, de carro. De ônibus não tá vindo tanto mais, e estão procurando lembrancinhas, coisa pequena”, conta ainda Kelly Santos, vendedora em outra lojinha, próxima à dona Rosélia. A situação do turismo no estado, no entanto, não está precária. Em um levantamento realizado pelo site Decolar.com, Maceió ocupou a sexta posição na preferência dos brasileiros por hospedagem durante as férias de janeiro em 2022. Ainda no fim do ano, a ocupação hoteleira no estado ultrapassou os 92%.
Para a artesã, que também faz parte da diretoria da Associação das Rendeiras do Pontal, o que falta para o bairro é valorização nas campanhas do estado e do município. “Maceió está com fluxo de turista, topada de gente, chega na feirinha da Pajuçara está uma aglomeração de gente. Teve divulgação da feirinha do pavilhão, e do Pontal esqueceram. Precisamos que se traga o turista pra cá. É uma tristeza muito grande ver o Pontal dessa maneira”, relata Rosélia. Ela lembra ainda o que já ouviu de alguns turistas que chegaram ao seu comércio esse ano. “Um turista passou aqui e disse: o hotel não divulga vocês. Aqui tem passeio de barco, restaurantes, compras. Nós temos algo a oferecer. Precisamos que olhem com carinhos pra nós”, destaca ainda a artesã.
ESPERANÇA
A Associação das Renderas do Pontal chegou a se reunir com a gestão do município, ainda nesta quarta-feira (19), e discutiu com a Prefeitura a necessidade de que as ações de valorização turística da cidade também cheguem até as margens da Lagoa Mundaú. “Com certeza isso deva dar algum resultado, estamos correndo atrás das melhoras pra gente. Tenho certeza que vão olhar pra gente com carinho. A orla tá linda, e por que não atender também as rendeiras do Pontal da Barra?”, opina.
TRADIÇÃO
A artesã conta que a tradição do filé alagoano surgiu junto aos portugueses, numa técnica que se construiu observando a manufatura das redes dos pescadores. Enquanto os homens produziam os instrumentos de trabalho, as mulheres se apropriaram da técnica para produzir outras peças domésticas. “Elas viam os homens fazendo as redes e tomaram a prática das telas, começaram a fazer toalhas de mesa nessa técnica”, conta Rosália. Ela destaca ainda que o bairro lagunar é tombado como patrimônio material do estado.
* Sob supervisão da editoria de Cidades.