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Nº 5759
Cidades

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Por | Edição do dia 14/04/2002 - Matéria atualizada em 14/04/2002 às 00h00

Os números gigantes e a excelência das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), uma das maiores e primeiras ONGs do país, mostram que o atendimento inteiramente gratuito a carentes pode ser feito com humanismo e qualidade. A OSID é exemplo de instituição filantrópica que conseguiu se consolidar em meio ao competitivo universo do Terceiro Setor. Mudou seu perfil sem comprometer seus ideais (hoje, a entidade é altamente profissional), transformando-se no maior centro de saúde do Norte/Nordeste, atendendo, anualmente, a mais de um milhão de pessoas. “Quando nenhum hospital aceitar mais algum paciente, nós aceitaremos. Esta é a última porta e, por isso, eu não posso fechá-la”. A frase, dita com a serenidade e a firmeza que caracterizam Irmã Dulce, define bem o ideal que constitui a diretriz da organização que ela fundou, há mais de 60 anos. Hoje, sua instituição é reconhecida como modelo nacional de assistência social, médica e educacional, atuando também nas áreas de ensino e pesquisa. Colaboradores Com um quadro de mais de 2,3 mil colaboradores e cerca de 600 voluntários no Brasil e no exterior, as Obras Sociais Irmã Dulce atendem mais de um milhão de pessoas por ano – a maioria das camadas mais carentes da população, num trabalho inteiramente gratuito que custa à instituição mais de R$ 40 milhões por ano. No centro dessa complexa organização está o Hospital Santo Antônio – HSA, com serviços e pessoal qualificados, somados a recursos técnicos comparáveis aos dos principais hospitais da rede privada. Com mais de 460 leitos, o HSA oferece quase todas as especialidades de Clínica Médica, um Centro Cirúrgico com a mais avançada tecnologia e um Centro de Tratamento Intensivo que está entre os mais bem equipados da Bahia. Os números dão a medida do trabalho desenvolvido no hospital, que sobrevive basicamente das verbas do Sistema Único de Saúde (SUS) e é uma ilha de excelência em Salvador, sendo referência como hospital-escola e centro de pesquisa científica. O Santo Antônio registra, em média, 2.000 internações por dia, 1.200 cirurgias/mês, mais de 60 mil exames laboratoriais mensais e um dos menores índices de infecção hospitalar do Brasil (2,77%, enquanto o padrão considerado positivo pela Organização Mundial de Saúde é de 5%). O Hospital Santo Antônio surgiu da força de vontade e da fé de Irmã Dulce, que em 1946 improvisou, no galinheiro do Convento das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus (Congregação à qual pertencia), um albergue para cuidar de 70 doentes que ela havia recolhido nas ruas de Salvador. Atualmente, o que mais impressiona diante da grandiosidade da instituição é a permanência dos fundamentos de humanização e qualidade no atendimento difundidos por Irmã Dulce a todos seus colaboradores, aliando conceitos e tecnologias sofisticadas a princípios simples, deixados como legado por sua fundadora. O controle da infecção hospitalar, por exemplo, tem como uma de suas premissas a frase freqüentemente repetida por Irmã Duce: “Sujou a gente limpa”. Humanização O HSA adota, há anos, os princípios básicos do “atendimento humanizado”, em que os pacientes podem perceber o ambiente externo através de janelas de vidro e receber visitas dos familiares, acabando com o isolamento comum às Unidades de Tratamento Intensivo. O perfil de seus pacientes é de pessoa sem as mínimas condições de sobrevivência, vivendo em áreas com falta de saneamento básico e apresentando elevado grau de desnutrição. Em geral, chegam ao hospital com enfermidades em situação crônica. São pessoas que, normalmente, necessitam de longos períodos de internamento e tratamentos com custos elevados. O contraste entre a qualidade do atendimento e a realidade de um hospital que sobrevive basicamente do SUS é raro e só se tornou realidade na OSID, primeiro, pelo esforço de Irmã Dulce (que aconselhava, pessoalmente, todos os médicos e enfermeiros voluntários a iniciar suas atividades a seu lado, vendo em cada paciente a imagem de Jesus Cristo). Outra contribuição resulta do esforço administrativo implementado após a morte da religiosa, em março de 1992, quando sua sobrinha, Maria Rita Pontes, assumiu a gestão das obras.

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