Perto de dois anos de confirmação da primeira morte por Covid-19 em Alagoas (31 de março de 2020), pesquisadores estão mais otimistas após semanas difíceis nos meses de janeiro e fevereiro. E apesar de haver registro de casos e mortes nas 102 cidades alagoanas, constata-se que dois municípios vizinhos a Maceió, Barra de Santo Antônio e Paripueira, no litoral norte, detêm as maiores taxas de letalidade por coronavírus, 5,47% e 5,43%, respectivamente.
Para se ter uma análise mais segura sobre a melhoria dos índices, no entanto, pesquisador defende aguardar mais uma semana para analisar os casos de infecção decorrentes do carnaval. Monteirópolis, no Sertão, com 4,79% e, na Zona da Mata, encerram a lista Colônia Leopoldina e Murici, com 4,38% e 4,28%, na sequência.
Em entrevista à Gazeta de Alagoas, o pesquisador Esdras Andrade (integrante do grupo de trabalho sobre a Covid-19 do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Alagoas) afirma que considerando os números mais recentes, relativos ao monitoramento diário da Covid-19 no Estado, observa-se que, após dois meses de consideráveis altas, os dados mais recentes mostram-se melhores.
O pesquisador pondera ser necessário aguardar o cenário epidemiológico resultante de infecções decorrentes do carnaval. “A média móvel diária está no mesmo patamar das verificadas entre julho e agosto de 2021. Entretanto, para confirmar uma expectativa mais otimista, será necessário aguardar mais uma semana para observarmos o saldo das possíveis infecções ocorridas durante os dias de carnaval”, declarou.
A reportagem pergunta ao pesquisador sobre as cidades alagoanas mais letais para a Covid-19. “Tratar da questão de quais municípios alagoanos são mais letais, é preciso entender que existem três maneiras de abordar esta temática e que se faz necessário, primordialmente, explicar suas diferenças. A primeira abordagem corresponde ao somatório da quantidade de óbitos por município. Neste caso, trata-se do simples cômputo das mortes. São os números absolutos registados pelas respectivas secretarias municipais de saúde e contabilizados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau)”.
Considerando os totais, Maceió tem a maior quantidade de óbitos, com 3.007 registros até sexta-feira (11), seguido de Arapiraca (560 óbitos), Rio Largo (187), Palmeira dos Índios (169) e Delmiro Gouveia (144). “Dois dos cinco municípios se situam na região da Zona da Mata (Leste Alagoano), outros dois no Agreste do Estado e um no Sertão.
A segunda abordagem estabelece uma associação entre o quantitativo das mortes e a população residente em cada município. Com isso, é possível encontrar a proporção de óbitos nesses municípios”, diz. Nessa perspectiva, Maceió encabeça mais uma vez, junto com Satuba, a lista dos cinco municípios com mais mortes por habitante. A proporção para esses dois municípios é de 0,29% - percentual de pessoas que morreram por Covid-19.
Os municípios seguintes são: Delmiro Gouveia (,27%), Rio Largo (25%) e Marechal Deodoro (24%). “Nesta abordagem, quatro municípios são integrantes da Região Metropolitana de Maceió (Rio Largo, Marechal Deodoro, Satuba e a própria capital do Estado)”, acrescenta.
Já a terceira abordagem trata da conexão entre a quantidade de mortes e a quantidade de casos da doença e é amplamente conhecida como letalidade. Esta é a variável que melhor representa a efetividade do impacto das perdas de vidas em relação à disseminação de doenças; neste caso, a Covid-19, pois se calcula a proporção da população que faleceu em decorrência de enfermidade.
VACINAÇÃO
A Gazeta questiona ao pesquisador da Ufal se há uma relação entre as cidades que apresentam dados mais preocupantes sobre a pandemia e vacinação. Esdras afirma que em um primeiro momento, e desprezando a variável tempo, ao analisar a relação entre a taxa de imunização e a taxa de letalidade, não foi possível constatar relações entre elas.
“Isto pode parecer contraditório e desfavorecer a campanha de vacinação, mas é preciso deixar claro que as campanhas de imunização tiveram seu início há aproximadamente um ano, ao passo que os óbitos começaram a ser registrados assim que se deflagrou a pandemia, dois anos atrás”, afirma.
Isto significa que não há relação entre a quantidade de óbitos e a vacinação? Obviamente que não, explica o pesquisador. “Pois, ao fazer o recorte temporal nos registros da taxa de letalidade no mesmo período em que se iniciou a vacinação da população no Estado, podemos perceber que os números de mortes caíram consideravelmente. Podemos dizer que essa redução foi em torno dos 85%”, finaliza o pesquisador Esdras Andrade.