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Nº 5694
Cidades

NÚMERO DE ADOÇÃO DE CRIANÇAS TEM REDUÇÃO SIGNIFICATIVA EM AL

A queda mais expressiva se deu nos anos de 2020 e 2021, em decorrência da pandemia da Covid-19

Por TATIANNE BRANDÃO | Edição do dia 24/05/2022 - Matéria atualizada em 24/05/2022 às 04h00

No dia 25 de maio é comemorado o Dia Nacional da Adoção, por isso, o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) por meio da 28ª Vara Cível da Capital (Infância e Juventude) promove esta semana o 11° Encontro Estadual de Adoção. O objetivo de esclarecer e orientar a população quanto à importância da adoção. A pandemia, assim como em outras áreas, prejudicou, também, o andamento dos processos de adoção em Alagoas, fazendo com que o número de crianças adotadas no estado caísse nos últimos dois anos. De 2018, quando 225 crianças e adolescentes foram adotadas no estado para 2021, a queda foi de 54,6%. Por sua vez, em 2019 foram realidade 180 adoções. Já com a pandemia da Covid-19 e, com impossibilidade de realizar alguns serviços de forma presencial, esse número caiu para 156 em 2020 e 102 no ano passado. Em Alagoas, atualmente, existem 51 crianças e adolescentes e mais de 250 pretendentes aptos à adoção. O grande problema para esta conta não fechar é a grande procura por crianças pequenas, muitas vezes ainda bebês. É o que explica a juíza Fátima Pirauá. “A gente não tem, nem de longe, a quantidade de crianças para adotar para a quantidade de pessoas aptas à adoção. A nossa maior dificuldade continua sendo essa procura por crianças pequenas. Conseguir que adotem crianças mais velhas e grupos de irmãos. Temos recorrido à adoção compartilhada, que é fazer com que, por exemplo, dois casais adotem um grupo de irmãos, e eles manterem o compromisso de não perderem esse contato. Já conseguimos aqui casais que se comprometeram a não deixar esse vínculo ser interrompido. É muito gratificante quando a gente consegue”, explica. Apesar da queda durante a pandemia, a juíza afirma que os processos seguiram dentro do que era permitido à época. “Nenhuma adoção pode ser feita sem o acompanhamento da equipe multidisciplinar, principalmente quando é uma criança maior. Primeiro, com a busca pela família, porque é garantia da criança ficar com sua família biológica, se não consegue, aí é que vai para adoção. E com a pandemia diminuiu um pouco porque muitas coisas as equipes tinham que fazer presencialmente e não conseguiam”. Ela afirma que a procura de homens e mulheres solteiros e também casais homoafetivos tem crescido nos últimos anos. “Não existe uma burocracia maior pelo fato da adoção ser feita por uma única pessoa ou por casal homoafetivo. O que pode ocorrer é um acompanhamento maior com crianças acima de seis anos no estágio de convivência, para que nossa equipe acompanhe a família”. Durante o evento realizado esta semana, serão oferecidas palestras para falar sobre temas importantes como o apadrinhamento e o projeto “Mãe consciente”. “O apadrinhamento não é adoção, mas, como existe o apadrinhamento afetivo, que é quando a criança sai com o casal, com aquela pessoa, vai passear ou para a casa dessas pessoas e aí a convivência é tão grande que fortalece o vínculo e eles acabam adotando”. Já o projeto “Mãe consciente” assegura o direito às mães que destinam seus filhos à adoção. A mãe que decide entregar seu filho para adoção de forma voluntária tem direito ao sigilo de sua identidade, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “As pessoas muitas vezes não sabem ou entregam por má-fé, às vezes têm lucro e precisamos combater isso. Entregar a criança para adoção não é crime, crime é fazer o abandono, a entrega irregular. A mãe que tiver interesse em dar seu filho para adoção deve procurar a Vara da Infância”. Diferente dos outros anos, o encontro deste ano está sendo realizado em um shopping da parte baixa da capital. O objetivo é atrair o maior público possível interessado em adoção. Foi em busca de realizar o sonho de ser mãe, que a advogada Valéria Sampaio esteve presente nesta segunda-feira (23). Ela conta que em 2019 dela a vontade de adotar, mas, por causa da pandemia, precisou adiar os planos. “Minha vida sempre foi muito corrida, com trabalho e estudo, e depois que a gente passa uma certa idade começa a ter essa vontade. Sou filha única e sinto a necessidade de realizar esse sonho. Estou preparada para isso. Aproveitei essa oportunidade para concluir o meu cadastro no sistema de adoção, agora é só esperar”.

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