loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
terça-feira, 24/06/2025 | Ano | Nº 5995
Maceió, AL
25° Tempo
Home > Cidades

Alternativa

ALAGOANOS USAM CANNABIS MEDICINAL PARA TRATAR DOENÇAS

O tema foi pauta de debate em audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) na última segunda-feira (13)

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Audiência pública na Assembleia Legislativa discute o uso da Cannabis medicinal
Audiência pública na Assembleia Legislativa discute o uso da Cannabis medicinal -

O enfermeiro e bacharel em direito Victor Manoel Lima Araújo, de 37 anos, foi diagnosticado em 2017 com transtorno afetivo bipolar, que está associado a alteração de humor. Para tratar o problema, o maceioense usou, por três anos, três comprimidos por dia, o que trazia prejuízos para o estômago, como ele conta. Foi através de uma amiga psicóloga que ele descobriu um tratamento alternativo, percebido ainda como um tabu para a sociedade brasileira: o uso da Cannabis Medicinal. "Hoje em dia eu tomo apenas dois comprimidos [por dia] e os óleos da Cannabis de manhã (THC) e de noite (CBD). Minha qualidade de vida melhorou ainda mais com a terapia canábica. Hoje durmo melhor, a ansiedade não me incomoda mais, penso com mais clareza, tenho o humor em estabilidade e consigo levar uma vida normal", conta o enfermeiro, acrescentando que reduziu a sensação de enjoos provocados pelos medicamentos. Não é somente Victor que usa a Cannabis como tratamento medicinal na família. A mãe dele também usa o meio para auxiliar nos cuidados com a saúde. Ela tem 69 anos e é portadora de Alzheimer e Parckinson. "Houve um dia aqui em casa que ela me agrediu com cinco murros no rosto. Percebi que era necessário outro tipo de tratamento. E com a cannabis, ela melhorou muito o humor, a agressividade desapareceu, as mãos pararam de tremer. Ela também parou de repetir os mesmos assuntos e forma novas frases, acessa outras memórias", afirma.

TABU

O uso da cannabis para fins medicinais ainda é um tema polêmico na sociedade brasileira. O tema foi pauta de debate em audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) na última segunda-feira (13), promovida pelo deputado Lobão (MDB). Na ocasião, médicos, pacientes e familiares, autoridades do Ministério Público e Poder Judiciário estiveram presentes para defender o acesso desse tipo de tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS). O médico clínico boliviano Freddy Mundaka erradicado em Alagoas foi um dos profissionais que esteve presente na audiência. Ele é pioneiro no estado alagoano em prescrição de cannabis medicinal, além de ser estudioso dos benefícios terapêuticos da planta nas mais diversas enfermidades, como ansiedade, insônia, depressão, doenças imunológicas, neurodegenerativas, a exemplo do Parkinson e Alzheimer, dor crônica, dentre outros. Fundador do Instituto Mundaka, localizado em Maceió, que auxilia pacientes que precisam de acompanhamento e orientações sobre a terapia, ele prescreve o tramento para cerca de 180 pessoas, sendo em média, ao mês, 120 alagoanos. Mundaka afirma que se interessou pela medicina canábica, como é denominado o tratamento, após precisar socorrer um paciente de 135 quilos que havia infartado. Devido ao peso, ele danificou a coluna. "Depois daquele dia, minha coluna nunca mais foi a mesma. Durante meses sofri de intensas dores que me deixaram dependente de analgésicos e anti-inflamatórios. Desenvolvi uma gastrite medicamentosa que me atrapalhou muito. Decidi procurar outras alternativas. Já era curioso e apaixonado por plantas medicinais. Foi então que decidi pesquisar e testar o canabidiol e funcionou muito bem no meu caso. Constatei que ele poderia ser uma opção terapêutica com poucos efeitos colaterais", lembra.

Relacionadas