Cidades
Marcela conta como Gerson matou Edsandro

BLEINE OLIVEIRA O estudante de Direito Márcio Edsandro Silva Correia, 23 anos, nem chegou a descer do carro. Ele ainda estava colocando o pé fora do veículo quando foi atingido por cinco tiros ? um deles na nuca, por trás ? disparados por Gérson Lopes de Albuquerque Júnior, 27 anos, na madrugada do dia 16 de maio, no Posto Stella Maris, na Jatiúca. Nenhuma palavra foi trocada entre os dois. Gérson já chegou atirando, com seu carro ainda em movimento. O suspeito do assassinato e a vítima disputavam o amor de Marcela Lagrotta, 23 anos, com quem Gérson namorou durante cinco anos e teve um filho, hoje com dois anos. Já separada há um ano, ela namorava Márcio. Três dias depois do crime, Gérson se apresentou à polícia em companhia do advogado Antônio Basílio, escondido da imprensa, e confessou ter matado o seu rival. ?Tudo aconteceu tão rápido!?, disse ontem a principal testemunha do crime, Marcela Lagrotta, nas declarações que prestou ao juiz da 3ª Vara Especial Criminal, José Braga Neto. Ela afirmou que sequer viu o rosto do acusado. ?Na hora, só consegui ver a arma e o fogo que saía dela. Fiquei paralisada?, contou Marcela. Com o depoimento de Marcela e de outras 16 testemunhas, o juiz praticamente encerrou a fase de instrução processual. Para a conclusão total, ele espera apenas o depoimento de uma testemunha arrolada pelo Ministério Público Estadual, que será ouvida por meio de carta precatória, no município de Teotônio Vilela. Após esse depoimento, previsto para o dia 24 próximo, explica o promotor de Justiça Eduardo Tavares, o juiz Braga Neto vai encaminhar o processo às partes (defesa e acusação) para que apresentem suas alegações finais. Na seqüência, o juiz decide se aceita ou não o pedido de pronúncia apresentado pelo MP. Se o pedido for aceito, Gérson Júnior sentará no banco dos réus para ser submetido a julgamento popular. As declarações de Marcela Lagrotta foram consideradas decisivas tanto pelos advogados que defendem Gérson Júnior quanto pela promotoria. Ela é a principal testemunha do crime, pois estava no carro, ao lado de Márcio Edsandro. Marcela fez um relato completo de como tudo começou até o trágico final. Para evitar constrangimento a ela e a outros familiares da vítima, o juiz Braga Neto determinou que Gérson Júnior fosse retirado da sala de audiência. Mas ele chegou a ouvir o relato de funcionários do posto de combustíveis onde o crime ocorreu. Nas declarações ao juiz, Marcela disse que na noite do crime, 15 de maio (um sábado), por volta das 22h30, Márcio Edsandro foi pegá-la em casa para irem ao bar QG, no bairro Stella Maris. Antes, passaram na casa de um amigo, que foi junto com eles. Aos três se juntou um casal. Depois de algum tempo, resolveram ir a outro bar, o Orákulo, no bairro de Jaraguá. Antes, o amigo pediu para ficar em casa. Márcio e Marcela foram deixá-lo. Antes de descer, esse amigo pediu a Márcio um cigarro. Como Márcio não ouviu o pedido, a própria Marcela entregou o cigarro, o que provocou a insatisfação de Márcio. Depois que o amigo desceu, Márcio reclamou da atitude dela. Os dois brigaram. Aborrecida com a desconfiança, Marcela decidiu voltar para casa. Márcio foi levá-la, mas ao chegar pediu que ela não subisse, que fosse ao Orákulo, como haviam combinado. Marcela conta que concordou em ir ao bar, mas se arrependeu, pois Márcio continuou aborrecido e não lhe dirigiu a palavra durante o tempo em que ficaram num pequeno restaurante de Jaraguá, especializado em macarronada. ?Diante da atitude dele, decidi ir embora. Peguei um táxi e fui para casa. Sandrinho (como tratava a vítima) não percebeu que eu saí?, conta a estudante. Ao chegar em casa, Marcela percebeu que havia duas mensagens de Márcio Edsandro em seu celular. Ligou para responder e os dois discutiram. Ele desligou o telefone celular. Marcela estava trocando de roupa para dormir quando seu telefone voltou a tocar. ?Pensei que fosse o Sandro [Edsandro] e corri para atender?, conta Marcela, num depoimento seguro, sem qualquer momento de dúvida.