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Nº 5696
Cidades Adalberto Cavalcante diz que pacientes - principalmente com diabetes - devem manter tratamento da doença em dia

NÚMERO DE AMPUTAÇÕES AUMENTA 173% EM ALAGOAS

Somente no ano passado, 497 amputações foram realizadas pelo Sistema Único de Saúde

Por Greyce Bernardino | Edição do dia 02/07/2022 - Matéria atualizada em 02/07/2022 às 04h00

Levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) aponta que, no período de 2012 a 2021 (10 anos), aumentou em 173% o número de amputações de membros inferiores, envolvendo pernas ou pés, em Alagoas. Somente no ano passado, 497 amputações foram realizadas pelo Sistema Único de Saúde (Sus) no Estado.

O levantamento revela, ainda, que Alagoas é o Estado que realizou o maior número desse tipo de procedimento no País. Ainda segundo levantamento, 80.124 nordestinos realizaram amputações de membros inferiores entre 2012 e 2021. Ou seja, ao menos 21 procedimentos foram realizados por dia na região.

“O levantamento é elaborado a partir de informações disponíveis na base de dados do Ministério da Saúde e acende o alerta para os cuidados voltados às doenças vasculares, como a síndrome do pé diabético. Conforme especialistas, mais da metade dos casos de amputações envolvem pessoas com diabetes”, diz a SBACV.

As cirurgias em membros inferiores podem também estar relacionadas a muitos outros fatores de risco, como tabagismo, hipertensão arterial, dislipidemia, idade avançada, insuficiência renal crônica, estados de hipercoagulabilidade e histórico familiar.

José Ailton da Silva é diabetico e há dois meses teve que amputar parte da perna depois de um ferimento que teve e se agravou. “Durante uma caminhada machuquei o dedão e, logo depois, a ferida foi aumentando”, disse. Quando estava no hospital, José Ailton até achou que poderia evitar a amputação, mas não foi isso o que aconteceu. “Eu não queria cortar o meu pé. Até voltei para a casa com o ferimento, mas, ele foi piorando e o único jeito foi amputar”, lembrou. Já Iracilda Correia Alves amputou um dedo do pé há dois anos. Ela também é diabética e disse que após a amputação, o cuidado é redobrado. “Eu preciso ter bastante cuidado com os meus pés, porque já passei por um procedimento. Já aceitei que não vou ter saúde nunca mais por causa da diabetes. A doença é eterna”, lamentou.

PANDEMIA

Para especialistas, o aumento no número de amputações é um alerta para a suspensão dos tratamentos clínicos durante a pandemia da Covid-19. No período da quarentena, muitos pacientes perderam a continuidade do tratamento de doenças crônicas como, por exemplo, o diabetes, que é uma das principais causas de amputação de membros inferiores.

O médico e presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular de Alagoas, Adalberto Cavalcante, disse, em entrevista à TV Gazeta, que os pacientes - principalmente com diabetes - devem manter o tratamento da doença em dia. “Os cuidados devem ser permanentes no diabético. Tem que ser um paciente multidisciplinar, que segue todo o tratamento, sem interrupções. Porém, com a pandemia, muitos deixaram de lado os tratamentos”, falou

“São as complicações de doenças que causam as amputações. Na maioria das vezes, o paciente tem outros fatores de risco, como hipertensão, tabagismo, o que acaba complicando a saúde. O diabético, por exemplo, tem tem uma complicação de neuropatia que torna o pé insensível e, com isso, o ferimento - sem cuidado - acaba tomando o pé do paciente”, explicou. Por fim, Adalberto orienta: “O paciente precisa de acompanhamento médico com endocrinologista ou cirurgião vascular, como, também, com um nutrólogo e nutricionista. É essencial que as pessoas mantenham uma rotina de atividade física, para que no futuro, caso precisem amputar, a reabilitação seja plena”.

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