Cidades
Guerra na pol�cia: acusado muda vers�o

EDNELSON FEITOSA Apontado como mentor da trama que resultou na morte do policial civil Sinvaldo José de Souza Feitosa, o também policial Robson Rui Gomes de Araújo alegou inocência, mudou a versão inicial e acusou outro grupo de policiais como responsável pelo crime, ocorrido no dia 8 de julho de 2003, no Dique Estrada, bairro do Vergel do Lago. ?Robinho?, como é conhecido o acusado, depôs ontem ao juiz Daniel Accioly, 2ª Vara Especial Criminal, e apontou o sargento reformado Tenório, os soldados Emanuel Guilhermino (o?Fininho?), Genivaldo e Nazareno, e o policial civil Valter Silva Lima como responsáveis pelo assassinato de Sinvaldo. Robson Rui alegou que era ?amigo íntimo? de Sinvaldo e não teria motivo para matá-lo. Disse que tentou tirá-lo da trama que acabou em sua morte, e que a cúpula da Secretaria de Defesa Social sabia do interesse do grupo do sargento Tenório e do soldado ?Fininho? de matar Sinvaldo. Robson Rui disse que havia uma briga de Sinvaldo com o outro grupo. ?Criaram uma calúnia para que eu ficasse contra Sinvaldo e participasse do assassinato?, disse. O acusado declarou ao juiz que, cinco meses antes do crime, estava com Sinvaldo em um bar, em Ponta Verde, quando um certo ?Alex, filho do delegado Angélico Farias de Mello?, chamou Sinvaldo para conversar. Disse que, depois, soube por Sinvaldo que o sargento Tenório ?havia inventado uma história? de que Sinvaldo estaria envolvido com a filha de Robson. Segundo ele, ?era a trama que visava afastá-lo do amigo?. Ainda segundo Robson Rui, Sinvaldo ligou para Tenório e houve discussão e troca de ameaças. A partir daí, o grupo de Tenório passou a perseguir Sinvaldo, terminando por exe-cutá-lo a tiros na porta de casa. Ainda segundo a nova versão de Robson Rui, ?o clima de ameaça era tão grande, dias antes de sua morte, que Sinvaldo não saía mais com a esposa, que estava grávida e vivia telefonando para ele?. O acusado Robson Rui declarou que, no dia 8 de julho de 2003, esteve com Sinvaldo na praia, quando este recebeu um telefonema dizendo que o soldado Genivaldo tinha ido a Satuba apanhar o soldado ?Fininho? num Logus azul, idêntico ao usado pelos matadores. Disse que ficou grande parte do dia com Sinvaldo, deixando-o no fim da tarde no bar de seu pai, Sinval Feitosa, no bairro do Vergel do Lago. Robson Rui declarou ?não saber? por que Sinval Feitosa o apontou como envolvido na morte do filho. Sobre a mudança de sua versão, Robson Rui alegou que ?estava abalado e com medo de vir a ser também assassinado?. O soldado PM Marcos Ferreira Silveira, que estava preso no quartel desde o último fim de semana, também foi interrogado ontem pelo juiz Accioly. Genro de Robson Rui, Marcos foi indiciado como suspeito do homicídio. Marcos negou tudo. Declarou que estava na casa da mãe na noite do crime, com um tio e sua filha. Confirmou que era amigo de Sinvaldo e o recebia em casa. Disse não acreditar em crime passional e que não sabe a quem atribuir o assassinato. O juiz decidiu revogar sua prisão preventiva e colocá-lo em liberdade.