IMUNIZAÇÃO CONTRA A POLIOMIELITE TAMBÉM APRESENTA QUEDA
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Por JAMYELLE BEZERRA | Edição do dia 23/07/2022 - Matéria atualizada em 23/07/2022 às 04h00
A vacina BCG, que protege contra a tuberculose, por exemplo, chegou a alcançar uma cobertura de 91,54% em 2019, mas apresentou uma queda considerável após a pandemia, com imunização de apenas 67,34% das crianças em 2020 e de 64,85% em 2021. A imunização contra a poliomielite - ou paralisia infantil - também apresentou uma queda considerável na cobertura nos últimos anos, com 87,89% das crianças vacinadas em 2019; 72,16% em 2020 e 75,08% em 2021. E assim aconteceu também com outros imunizantes, como a Meningogócica C, Rotavírus e a Pneumocóccica, com nenhuma delas alcançando o índice de 80% de imunização de crianças no estado. “É válido destacar que existem fatores que influenciam negativamente para o alcance das coberturas vacinais, onde se pode citar a alteração do sistema de informação utilizado para a entrada do dado e a morosidade da migração das informações entre o e-SUS APS e o SIPNI, além do atual cenário de pandemia pela Covid-19 que gerou várias dificuldades no funcionamento das diversas salas de vacinação, afastamentos de profissionais da saúde, limitação nos atendimentos e diminuição na procura pelos serviços de vacinação”, ressalta Rafaela Siqueira. E ao contrário do que muitos possam pensar, no primeiro semestre deste ano, apesar do abrandamento da pandemia da Covid-19 e do afrouxamento das restrições em Alagoas, a procura pelos imunizantes nos postos de saúde continuou baixa. De 100% das crianças que deveriam ter sido vacinadas com a pentavalente no período, apenas 77,41% foram imunizadas. Em 2021, entre janeiro e junho, o índice foi de 78,2%. Em relação à BCG, a cobertura foi de 62,92% em 2021 e de 65,49% em 2022. A médica infectologista do sistema Hap Vida, Silvia Fonseca, sugere algumas hipóteses que podem estar causando essa baixa procura pelos imunizantes ofertados na rede pública de saúde. A primeira delas é o fato de muitas dessas doenças estarem erradicadas, justamente em razão da existência da vacina. “As vacinas são vítimas do próprio sucesso. As gerações mais jovens não conheceram de perto doenças como a coqueluche, paralisia infantil ou mesmo o sarampo. Então, as mães e pais jovens talvez não sintam a necessidade de proteger as crianças com vacinas para doenças que eles desconhecem. Além disso, existe no mundo um movimento anti-vacina e, no Brasil, há uma hesitação vacinal. Por talvez não considerar que essas doenças continuam existindo, as pessoas não percebem, mas hesitam se vale a pena vacinar”, afirma a especialista, ressaltando ainda a existência de muitas fake news nos aplicativos e redes sociais. Ela conta que a queda na imunização de crianças vem ocorrendo desde 2015 e exemplifica com os casos de sarampo, que voltaram a ocorrer após queda na imunização. “Não tivemos sarampo em 2016 e 2017 e o índice de vacinação caiu. Em 2018 e 2019, tivemos um surto e o sarampo voltou a ser um problema aqui no Brasil. Então, nós já estamos vendo o resultado dessa queda da imunização”, afirma a médica. Outra doença que tem começado a preocupar no mundo é a poliomielite, que estava erradicada, mas teve um caso confirmado em Nova Iorque esta semana, o primeiro nos Estados Unidos em quase uma década.
Por isso, a importância de procurar um posto de vacinação para atualizar a carteira dos pequenos. Doenças que, aparentemente, não existem mais, podem voltar a causar grandes prejuízos à saúde das pessoas, não só na infância, mas também na vida adulta. Uma criança que não é vacinada contra a Hepatite B, por exemplo, que faz parte do calendário ao nascer, pode acarretar em doenças na vida adulta como a hepatite B, hepatite crônica e câncer de fígado, resultando em morte. Além das crianças, há também vacinas específicas para adultos. No posto de saúde, os funcionários vão avaliar a carteira de vacinação e apontar as que são necessárias serem aplicadas. “Nós começamos a imunizar na infância, mas é para proteger durante a vida inteira”, ressalta a médica.