
AL TEM TRATAMENTO ESPECIALIZADO CONTRA ENDOMETRIOSE
Levantamento mostra que a endometriose afeta atualmente até 10 milhões de brasileiras
Por Greyce Bernardino | Edição do dia 23/07/2022 - Matéria atualizada em 23/07/2022 às 04h00
A rede pública de Alagoas tem tratamento especializado para mulheres com endometriose, doença que se confunde, no início, com cólicas menstruais, e que muitas vezes leva anos para que se chegue ao diagnóstico. O atendimento acontece na Maternidade Escola Santa Mônica, em Maceió. Só no Brasil, mais de 26 mil mulheres foram diagnosticadas com a doença no ano passado. É no Ambulatório de Dor Pélvica Crônica e Endometriose (Ambeal), na Santa Mônica, que muitas mulheres em Alagoas, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), recebem o diagnóstico da doença. O ginecologista e coordenador do Ambeal, Alberto Sandes, explicou como uma mulher pode ser atendida no ambulatório: “A paciente busca sua unidade de saúde e diz que quer ter uma consulta com um médico especializado em endometriose do ambulatório Ambeal, na Santa Mônica. Essa paciente automaticamente é encaminhada através de um encaminhamento da unidade de saúde e faz o atendimento no Ambeal. Ou simplesmente ela pode ligar para o ambulatório e tentar realizar o agendamento, que é bem procurado. Ela também pode ir pessoalmente e ter acesso ao agendamento”, falou. O coordenador do ambulatório reforça quais situações podem ser observadas para identificar a necessidade desse atendimento: “A mulher precisa respeitar a sintomatologia e observar se ela se encaixa em algum sintoma da doença”. Os principais sintomas de endometriose incluem: cólicas menstruais de forte intensidade; dores durante as relações sexuais; dor e sangramento intestinais e urinários durante a menstruação e dificuldade de engravidar. A endometriose ganhou bastante visibilidade após a cantora Anitta relatar, em suas redes sociais, que sofre com a doença. A artista precisou passar por uma cirurgia na última semana e segue se recuperando.
PROCEDIMENTO DELICADO
A endometriose afeta atualmente até 10 milhões de brasileiras. Deste total, 7 milhões possuem uma variação da doença chamada endometriose intestinal ou profunda, que requer maiores cuidados e tratamento cirúrgico. Para as alagoanas, a boa notícia é que a patologia já é tratada por videolaparoscopia na Santa Casa de Maceió, portanto, em procedimento minimamente invasivo com menos riscos para o paciente e alta precoce se comparada à cirurgia aberta. Só em 2019, o hospital registrou mais de 60 procedimentos. Em nenhum caso foi preciso fazer a colostomia.
A colostomia é um procedimento em que o intestino grosso é exteriorizado, de forma que as fezes sejam depositadas em uma bolsa coletora. Um exemplo bastante difundido foi o do presidente Jair Bolsonaro, após o atentado sofrido durante a campanha. “Apesar de sempre haver o risco de que a ressecção da endometriose no intestino leve à opção pela colostomia, ainda não tivemos nenhum caso como esse, o que é motivo de comemoração e de confirmação de que o trabalho que desenvolvemos está atingindo seu objetivo, que é devolver qualidade de vida às pessoas”, disse o cirurgião oncológico Claudemiro Neto.