
PRESENÇA REDUZIDA DE MULHERES INVIABILIZA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS
Para Luciana Santana, em uma sociedade patriarcal e machista, a ocupação desses espaços por mulheres acaba sendo grande desafio
Por Jamylle Bezerra | Edição do dia 30/07/2022 - Matéria atualizada em 30/07/2022 às 04h00
Para a cientista política Luciana Santana, a presença reduzida de mulheres em espaços de tomada de decisão acaba inviabilizando, entre outras coisas, a implantação de políticas públicas voltadas às pessoas do sexo feminino. Para ela, em uma sociedade patriarcal e machista, a ocupação desses espaços por mulheres acaba sendo um grande desafio. “As mulheres são a maioria da população, a maioria do eleitorado, mas não são a maioria nos espaços de tomada de decisão. Isso acaba inviabilizando que ela possa contribuir para a qualificação das decisões políticas e a redução da assimetria que existe entre aquilo que é demandado e o que é decidido, porque são homens que decidem. Então, é importante que as mulheres possam, efetivamente, ocupar esses espaços, e isso é muito desafiador, porque ainda temos uma sociedade muito machista, patriarcal e que demanda da mulher muito mais funções do que demanda dos homens, por exemplo. Além do trabalho, da questão da formação, ela tem que se desdobrar com os trabalhos domésticos, a questão do cuidado, da atenção a questões particulares e pessoais das famílias, e isso é um problema sério. A ausência das mulheres nos espaços de decisão política atrapalha muito a própria definição e escolha com relação às melhores políticas públicas para atender a mulher”, diz Luciana. Ainda de acordo com Luciana, as mulheres que conseguem ocupar determinados espaços, inclusive, acabam não tendo voz e vez, tendo que enfrentar mais barreiras para ter o seu posto garantido. “A mulher, quando passa a participar de um partido político, de um conselho, de uma associação, por exemplo, não necessariamente tem voz e vez e acaba sendo atropelada nesse processo, muitas vezes preterida em relação às figuras masculinas. Não tem a visibilidade necessária para poder chegar à frente, poder disputar de igual para igual com as candidaturas masculinas e isso acaba fazendo com que elas fiquem inviabilizadas e, consequentemente, tenham menos chances dentro de uma competição política”, avalia. E completa: “O que a gente precisa é ter mais mulheres na política para que elas estejam nesses espaços e possam decidir”.