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Nº 5759
Cidades

Carros com fraude documental inundam Alagoas

FERNANDO ARAÚJO Quem estiver pensando em comprar um veículo usado deve fazer o negócio em uma concessionária ou revenda conhecida, sob pena de perder o dinheiro e a tranqüilidade. A chamada gangue dos TDAs – Títulos da Dívida Agrária – está inundando

Por | Edição do dia 21/04/2002 - Matéria atualizada em 21/04/2002 às 00h00

FERNANDO ARAÚJO Quem estiver pensando em comprar um veículo usado deve fazer o negócio em uma concessionária ou revenda conhecida, sob pena de perder o dinheiro e a tranqüilidade. A chamada gangue dos TDAs – Títulos da Dívida Agrária – está inundando o estado com carros desalienados de forma fraudulenta no maior golpe da história recente. A quadrilha vem agindo em vários Estados e, segundo já apurou a polícia, contaria com participação de integrantes da Justiça, Ministério Público e outros profissionais desonestos da área de Direito, e usa os papéis da União (TDAs) para desalienar, pela via judicial, veículos financiados pela rede bancária. O golpe consiste em comprar um veículo (automóvel ou caminhão) financiado e depois ajuizar uma ação de caução com pedido de liminar exigindo que o banco aceite os TDAs como pagamento da dívida e libere a desalienação do bem. Esses papéis (muitos deles falsificados) são adquiridos a preço de banana e oferecidos aos bancos a preço de face como se tivessem liquidez no mercado. Por serem papéis da União com prazo de resgate de até 30 anos, são comercializados com alto índice de deságio e também não servem para quitar dívidas bancárias. Em alguns casos, esses títulos são dados em quitação de dívidas junto à Previdência, à Receita e outros órgãos do governo federal. Cúmplices Para concretizar o golpe, a gangue estaria cooptando pessoas ligadas à Justiça e ao MP em vários Estados, de forma que ao impetrar ações judiciais contra os bancos, seus integrantes já sabem que ganharão a causa. De posse das liminares concedidas na Justiça, requerem ao Detran a expedição dos novos DUTs(Documento Único de Trânsito) sem qualquer reserva de domínio. Feita a operação, os veículos estão livres de qualquer impedimento legal e a quadrilha os revende geralmente em outro Estado, onde muitos incautos já foram enganados. A Bahia funciona como espécie de centro da fraude no Nordeste, liberando veículos para diversos Estados da região, inclusive Alagoas que tem se tornado um dos maiores compradores desses automóveis. Até mesmo algumas revendas autorizadas foram lesadas com a compra desses carros com vícios na documentação. Isto ocorre porque mesmo que se consulte o Renavan – Registro Nacional de Veículos Automotores – é impossível detectar a fraude, já que nada existe contra o veículo consultado. Só depois que o banco lesado aciona a justiça para conseguir uma ação de busca e apreensão dos veículos é que os Detrans passam a tomar conhecimento da fraude. Mas aí muita gente já foi enganada.

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