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Professor defende vers�o favor�vel a Alagoas / Parte I

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Filipe Toledo (Colaborador) A localização do descobrimento do Brasil continua gerando polêmica. A história oficial, ensinada nas escolas e nos livros, conta que em 22 de abril de 1500 Pedro Álvares Cabral avistou um monte alto e redondo (Monte Pascoal) e ao sul dele, uma extensa faixa de terras baixas que foi batizada de Vera Cruz (posteriormente, por volta de 1503, recebeu o nome de Brasil). Porto Seguro, na Bahia, é considerado, nesta versão, como o local exato do descobrimento e, por isso, foi palco, em 2000, das comemorações dos 500 anos da pátria tupiniquim. A história pode ter cometido graves deslizes ao interpretar os documentos da época. Recontar a história do nascimento do Brasil é o que propõem historiadores alagoanos, pela análise daquela que é considerada a Certidão de Nascimento do País: a carta escrita por Pero Vaz de Caminha. Julião Marques, pesquisador e professor de Cartografia e Geohistória da Universidade Federal de Alagoas, é um dos que defendem a tese do descobrimento do Brasil em terras alagoanas. A mesma já defendida pelo jurista e historiador alagoano Jayme de Altavila, ao publicar o seu livro ?História da civilização das Alagoas?, em 1933. Altavila fundamentou seus estudos no historiador pernambucano Fernandes Gama e no cientista Alexandre Von Humbolt, conforme os quais as primeiras terras avistadas pela armada portuguesa estavam localizadas a 10 graus de latitude sul, por conseqüência, entre Jequiá e Coruripe. Alfredo Brandão, outra importante figura da historiografia alagoana, afirma em ?Chronicas Alagoanas (história, lendas e ethnographia), que as terras estariam entre o Porto do Francês e a embocadura do São Francisco, nas proximidades do Rio Jequiá. ?Não tem engano. Eu digo e sustento esta tese em qualquer platéia, em qualquer conferência, com dados cartográficos e geográficos. Não há dúvidas. As terras avistadas por Cabral foram terras alagoanas e não baianas?. Com uma cópia da Carta de Caminha nas mãos, é assim que Julião Marques inicia a explicação daquela que considera a ?verdadeira história do descobrimento?. ?A carta é fantástica! Se você estudá-la pacientemente vai chegar à questão da latitude onde se avista a terra. E verá que as primeiras terras avistadas se dá exatamente em Alagoas?. O local do nascimento Segundo Julião Marques, ao analisar as terras avistadas pelo prisma geohistórico ou mesmo pelo prisma geográfico e cartográfico, a própria carta nos diz que o descobrimento ocorreu pela altura dos 10 graus de latitude sul, ou seja, as naus avistaram terras a 1.110 Km ao sul do Equador, o que equivale às terras de Alagoas. O Monte Pascoal, na Bahia, está localizado aproximadamente aos 17 graus de latitude sul, o que corresponde a 1.887 Km ao sul do Equador. Há, portanto, erro cartográfico de 7 graus entre uma versão e outra, o que corresponde a cerca de 777 Km. ?É muita coisa, concorda? Ora, um erro cartográfico mesmo no início do século XVI poderia acontecer, sem dúvida, mas não seria tão grosseiro?, explica Julião. ?A contradição entre a Carta de Caminha e o que a história prega é apenas, e tão-somente, um dado que faz do Estado da Bahia um paraíso do turismo. Olha o Brasil nasceu aqui... venha conhecer sua origem...?, ironiza. Caminha escreve que as naus avistaram terras e houve uma grande tormenta. Na tentativa de impedir que fossem jogadas contra as pedras, as naus rumaram para o norte em busca de um porto seguro para ancorar. Elas navegaram nesta direção, e não para o sul, porque o vento era favorável e as velas usadas nas embarcações eram do tipo latina, ou seja, não permitiam que navegassem contra o vento. As naus seguiram para o Norte e encontram um mar muito calmo, manso. Era um porto bom, que eles chamaram de Porto Seguro. É justamente nesta explicação da carta que Julião aponta uma incoerência da história oficial. ?Na praia de Porto Seguro acontece uma das etapas do campeonato Nacional de Surf. Ora, não cabe na cabeça de ninguém que em 500 anos o mar plácido tenha se transformado num mar revolto, a ponto de Porto Seguro ser um ponto turístico para uma etapa nacional do campeonato de surf. Quinhentos anos para o mar é bobagem... é 1 minuto?. O que se chama porto seguro vem a ser, pelos estudos cartográficos e geográficos do professor Julião, aproximadamente um trecho de mar calmo denominado de Lagoa Azeda que fica próximo ao litoral alagoano. Por sua vez, o monte alto e redondo que descreve Caminha seria um dos cabeços da Serra dos Aymorés, em Viçosa. Sendo assim, o Monte Pascoal não seria um cabeço da Serra dos Aymorés na Bahia, como afirma a historiografia oficial. Existe uma outra vertente defendida por Jayme de Altavila que diz ser a Serra da Nacea (hoje município de Boca da Mata) o Monte Pascoal.

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