Educação
17% DOS ALUNOS DA REDE PÚBLICA PENSARAM EM ABANDONAR ESTUDOS
Motivo da desistência entre alunos do ensino médio era para conseguir ajudar financeiramente em casa


Uma pesquisa divulgada pelo Todos pela Educação mostrou que a maioria dos estudantes do Ensino Médio entrevistados em Alagoas não tem equipamentos eletrônicos com acesso à internet em casa. Entre os jovens entrevistados, 12% não estavam matriculados em uma unidade de ensino no ano passado e 17% consideraram abandonar os estudos, a maioria deles para conseguir ajudar financeiramente em casa. As entrevistas que traçam o perfil dos estudantes do país foram realizadas entre os dias 8 de fevereiro e 18 de abril de 2022, com alunos do Ensino Médio de escolas públicas municipais, estaduais e federais. Nela, os alunos falaram sobre infraestrutura das escolas, perspectivas para o futuro, acesso à tecnologia e outros pontos. Em Alagoas, alguns dados chamam a atenção. O fato de 20% dos estudantes já terem alguma atividade remunerada é um deles. Desses, 6% precisam trabalhar por estarem esperando um filho ou por já terem ao menos um para sustentar. Ainda entre os que já trabalham, 32% o fazem para ajudar a família em casa. O percentual é bem maior que o registrado no país (20%) e no Nordeste (21%). Entre os entrevistados no estado, 48% possuem uma renda familiar de até um salário mínimo (R$ 1.212); 25% têm uma renda familiar de 1 a 2 salários mínimos e apenas 3% vivem com mais de três salários mínimos. Mais da metade também é beneficiária de programas de governo. A renda familiar se reflete no acesso a equipamentos que poderiam facilitar os estudos, como computador, aparelhos de TV e celular com internet. De acordo com a pesquisa, 49% não têm internet banda larga em casa; 71% não têm computador com acesso à internet e somente 5% dos que têm o equipamento o utilizam para os estudos sem precisar dividi-lo com ninguém. Outros 37% não têm em casa aparelhos de TV smart, com acesso à rede mundial de computadores. Já em relação ao aparelho celular com internet, a maioria (54%) afirmou possuir o equipamento e utilizá-lo, de forma individual, para estudar em casa. A pesquisa também quis saber dos estudantes se eles já consideraram abandonar os estudos e por qual motivo fariam isso. 12% dos jovens disseram que não estavam matriculados na escola em 2021 e 17% afirmaram já ter pensado em abandonar a escola nos 6 meses anteriores à pesquisa. Dentre estes, 53% dizem que pensaram em parar de frequentar a escola para trabalhar e 16% por conta de estresse ou cansaço. A maioria dos entrevistados no estado avaliou de forma positiva a escola em que estuda, com apenas 1% considerando a escola um local ruim. 29% disseram ter se matriculado na unidade de ensino em que estuda atualmente em razão de a escola ficar próxima da casa em que reside. Um total de 80% afirmou que a escola está preocupada em recuperar a aprendizagem dos alunos, que foi prejudicada em razão da pandemia. Quando perguntados qual o fator mais importante para melhorar a qualidade das escolas, 28% dos alunos responderam que essa melhoria está relacionada ao corpo docente, que precisa ser mais capacitado, dedicado e atencioso. Outro ponto destacado foi a questão das faltas dos professores, consideradas fatores que atrapalham no aprendizado em Alagoas. Ainda neste quesito, 17% optaram pela melhoria da metodologia do ensino, com aulas mais dinâmicas e interessantes e atividades extracurriculares, que preparem o aluno para o mercado de trabalho e para prestar vestibulares. Outros 13% consideraram mais importante a melhoria da infraestrutura das escolas, de forma a proporcionar acesso a questões básicas, como água, ventiladores e materiais de higiene, além de equipamentos adequados, como computadores e projetores. Apenas 1% consideraram a segurança como fator principal. Sobre a expectativa do que fazer ao concluir o Ensino Médio, 38% disseram que pretendem fazer uma faculdade e 25% afirmaram que pretendem fazer faculdade e trabalhar ao mesmo tempo. Outros 14% disseram que devem apenas trabalhar; 10% pretendem fazer um curso técnico; 8% fazer um curso técnico e trabalhar e 2% afirmaram que vão abrir o próprio negócio e empreender.