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Cidades Luiz Paulino do Nascimento diz que a última vez que vi o patrão faz oito anos

LUIZ PAULINO: ‘CONTINUO COMO SEGURANÇA DO IMÓVEL E DAS RUÍNAS’

Site confirma as lembranças contadas pelo último operário da Companhia Fiação e Tecidos Norte de Alagoas ainda em atividade

Por Arnaldo Ferreira | Edição do dia 10/09/2022 - Matéria atualizada em 10/09/2022 às 04h00

Quando completou 31 anos de idade, Luiz Paulino do Nascimento pediu demissão e foi trabalhar na cooperativa Pindorama, no município de Coruripe. No segundo ano fora da fábrica, ele foi passar as férias com a família em Saúde. Nessa ocasião, foi convidado pelos diretores para ensinar um rapaz a operar uma das máquinas. Assim, recebeu o convite para voltar a ser operário e aceitou. Ficou dentro da fábrica até o fechamento, em 1985, quando todas as máquinas e objetos de valor foram retirados e as casas da vila foram desocupadas. Depois que estava tudo vazio, a família Nogueira chamou Luiz Paulino e mais quatro operários e os mantiveram na função como segurança. Luiz passou a trabalhar ao lado do pai, Amaro Paulino. O pai trabalhava das 17h às 24h, e Luiz o rendia de meia-noite às cinco da manhã. Depois, foi promovido para tratorista. Em 2006, a família vendeu o imóvel de 208 hectares. A Embrapa ficou com o trecho das ruínas. O restante agora pertence à Construtora Nova Itália. “Eu continuo como segurança do imóvel e das ruínas. A última vez que vi o meu patrão faz oito anos. Ele mora na Itália. Portanto, eu sou a última peça da fábrica que permanece trabalhando”, brincou Luiz Paulino, sem esconder a emoção e a saudade dos tempos que não voltarão mais.

HISTÓRIA CONFIRMA VERSÃO DE OPERÁRIO

O site História de Alagoas confirma as lembranças contadas pelo último operário da Companhia Fiação e Tecidos Norte de Alagoas ainda em atividade, ao revelar que as primeiras informações sobre a construção de uma fábrica têxtil no norte de Maceió surgiram no relatório apresentado ao Congresso Legislativo estadual em 21 de abril de 1924, pelo então governador Fernandes Lima.

Com a necessidade da abertura de novas vias, o governante destacou a importância da estrada Norte, recém-aberta na gestão dele. A contribuição do governo para a instalação da fábrica em Saúde não ficou restrita à construção de uma estrada. Como ainda é prática comum, ofereceu incentivos fiscais.

No dia 24 de março de 1924 concedeu, pelo Decreto nº 1.038, “ao cidadão Francisco de Assis Rodrigues de Vasconcellos ou à Sociedade que organizar, isenção de diversos impostos para o estabelecimento de uma fábrica de fiação e tecidos, no sítio denominado Saúde, do distrito de Ipioca, desta capital”. A isenção foi por cinco anos. Ainda de acordo com o site História de Alagoas, cinco meses depois, em agosto, a seção de fiação da fábrica entrou em funcionamento. O prédio para o cotonifício começou a ser erguido em 2 de março de 1925 e começou a produzir tecidos em26 de março de 1927.

Em junho de 1927 passou a operar com 160 teares dos 500 que ela podia acionar. No dia 15 de julho já funcionavam 200 teares e tinha 300 operários. Neste ano, produzia diariamente 320 peças de morim, num total de 7.200 metros. O morim era comercializado recebendo as marcas: Bahia, Brasil,Saúde, Meirim, Victória, Jahu e outras. Também produzia panos para sacos.

A vila operária, em 1927, tinha 150 casas para os trabalhadores e outras unidades mais bem construídas para os “funcionários de categoria”, como registrou o jornal Diário de Pernambuco de 3 de julho daquele ano. Existia no local um posto médico. As condições sanitárias das habitações do lugar eram consideradas boas. A planta industrial e a vila operária estavam inscritas em um vasto terreno.

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