História
EMOÇÃO E SAUDOSISMO MARCAM A VIDA DOS EX-OPERÁRIOS DA SAÚDE
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Os poucos operários que ficaram em Saúde lembram emocionados o tempo que trabalhavam na fábrica. Quem fala abertamente dos dias de glória e decadência da Companhia de Fiação e Tecido Norte de Alagoas é Luiz Paulino do Nascimento. Casou na comunidade, vive com Maria José Marques da Silva, tem uma filha e quatro netos. Ao ser questionado se tinha saudade da fábrica funcionando, não vacilou em responder: “Tenho saudade demais...”. Segundo ele, naquele tempo a vida era boa. “A gente trabalhava muito na fábrica, morava praticamente dentro da empresa, mas não pagava aluguel, nem água, a energia era garantida pelo gerador, os salários eram bons. Tinha tudo e sossego. Violência, zero”. Ao recordar dos bons momentos, destacou as missas de final de semana na capela e as festas. “O empresário Aluízio Nogueira patrocinava as festas de Natal, carnaval e festas juninas. Depois que ele morreu, chegou a tristeza. A fábrica fechou e acabou a boa vida dos operários”. Ao mostrar o que restou da “casa grande” da família Nogueira, apontou para o imóvel destruído pela ação do tempo. Da fábrica, só restam ruínas. A Igreja Católica está fechada, o teto caiu recentemente. A Igreja é de 1940. “Comecei a trabalhar na fábrica com 13 anos de idade. Inicialmente, era varredor e fazia limpeza nas máquinas que manipulam o algodão. Depois, trabalhei como servente de fiandeira. Fui promovido e passei para a seção dos batedores, de onde fui transferido para a estiragem. Em seguida, me colocaram no departamento de alvejamento de tecido, fui promovido para trabalhar na engomadeira, depois na dobradeira dos panos até chegar na sala de expedição dos tecidos prontos”, disse Luiz Paulino, ao afirmar que passou por todos os setores da indústria e hoje vigia o que restou. AF