Afundamento
MORADORES COBRAM SOLUÇÃO PARA CEMITÉRIO DE BEBEDOURO
O assunto foi tratado nessa quarta-feira, em audiência no Ministério Público Estadual (MPE)

Sem realizar sepultamento há dois anos por causa dos problemas ocasionados no solo, o cemitério Santo Antônio, que fica no bairro de Bebedouro, está apenas recebendo visitas. A situação vem tirando o sossego dos moradores que, além de perderem suas casas, não têm onde enterrar seus entes queridos. Quem possui jazigo no local, cobra indenização e uma solução para o problema. Um acordo foi firmado entre a Braskem e a Prefeitura de Maceió para a construção de um novo cemitério, mas até o momento nada foi feito. Os moradores fizeram um abaixo assinado pedindo agilidade nas negociações. “Nós não temos resposta, nem tampouco a Sudes. A negociação deveria partir do GGI. Ninguém colocou à venda as casas e nem os jazigos. A Braskem não respeita nem os vivos nem os mortos”, afirmou o professor José Balbino. O problema enfrentado pelos moradores também foi parar na Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL). O assunto foi tratado nessa quarta-feira (26), no Ministério Público Estadual (MPE), quando também foi entregue o laudo antropológico e o relatório de vistoria realizados na comunidade do Flexal, em Bebedouro, que está vivendo em situação de ilhamento social e vem lutando pelo direito à realocação. “Há uma situação bastante preocupante, inclusive, recebemos uma informação da impossibilidade da realização de sepultamento e vamos oficiar o Ministério Público Federal e o município de Maceió para que possa vir a ser resolvida essa situação”, afirmou o presidente da Comissão Especial do Caso Pinheiro, Carlos Lira. Sobre a situação do cemitério, o coordenador de Gestão de Serviços Funerários de Maceió, Chrystiano Lyra, disse que, por causa do fechamento do cemitério Santo Antônio, a prefeitura está abrindo novas gavetas nos cemitérios administrados pela pasta. “Infelizmente, estamos sepultando fora do cemitério deles, com isso, o município tem sofrido, os custos disso tem ficado muito caro porque precisamos a todo tempo construir novas gavetas, uma vez que não temos mais um local sob a responsabilidade deles para enterrar entes queridos”. Por sua vez, o GGI (Gabinete de Gestão Integrada de Políticas Públicas) disse que acompanha a situação no cemitério Santo Antônio e que está tratando dos trâmites para a construção de um novo cemitério. Disse, ainda, que as indenizações previstas no programa de compensação e apoio à realocação são tratadas diretamente com a Braskem. Já a Braskem afirmou que continua em diálogo com as autoridades para buscar uma solução conjunta que atenda à comunidade e está discutindo técnicas para a adoção das medidas necessárias. “A região já conta com um sistema de monitoramento da estabilidade do terreno e segurança patrimonial. Além disso, a Braskem realiza serviços de limpeza e manutenção no local”.
LAUDO ANTROPOLÓGICO
Os integrantes da Comissão Especial de Acompanhamento do Caso Pinheiro e da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, se reuniram com representantes do MPE para apresentar o laudo antropológico e o relatório de vistoria realizados na comunidade do Flexal. Nesta localidade, os moradores estão ilhados, e sofrem com a falta de assistência básica de saúde, educação, transporte, dentre outros. O laudo, elaborado pelo antropólogo Edson Bezerra a pedido da OAB, foi apresentado aos moradores afetados pelas atividades da Braskem em Maceió. O documento aponta para o isolamento social da comunidade do Flexal, tendo em vista que a população não tem tido acesso, sequer, a serviços básicos, como posto de saúde e escola. “O que a comissão vem lutando é para que se faça valer o interesse daqueles moradores. Esse laudo comprovou a necessidade de realocação dos moradores, ressaltou o advogado Carlos Lira.
Cerca de 800 famílias vivem no local e pretendem deixar a região e dar continuidade à vida. No entanto, é preciso que o Flexal seja inserido no mapa de risco e as famílias sejam indenizadas. Porém, o entendimento da Braskem e dos demais órgãos envolvidos nas negociações é de que seja feita a reurbanização da área.