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Nº 5595
Cidades O alagoano Denyson Rennon Souza Monteiro, de 42 anos, ganhou um coração extra

HOMEM PASSA POR TRANSPLANTE RARO E VIVE COM DOIS CORAÇÕES

Paciente era portador de miocardiopatia, que compromete o bombeamento de sangue para o organismo

Por Greyce Bernardino | Edição do dia 29/10/2022 - Matéria atualizada em 29/10/2022 às 04h00

O alagoano Denyson Rennon Souza Monteiro, de 42 anos, ganhou um coração extra na madrugada da última terça-feira (25), em transplante realizado pelo cirurgião cardiovascular José Wanderley Neto. Ele se recupera na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) cardíaca, com prognóstico de transferência para um apartamento nos próximos dias.

O órgão foi doado pela família de uma mulher de 33 anos de idade, que morreu em um acidente de trânsito. Os rins foram também doados e já transplantados e as córneas ainda serão aproveitadas. Já o fígado, em função das lesões provocadas pelo acidente, não estava em condições de ser aproveitado. O transplante foi iniciado no final da noite de segunda-feira (24), pelo médico cirurgião cardiologista José Wanderley. A equipe de apoio foi integrada pelos cirurgiões Rafaela Sales, Laio Wanderley e Klebert Tenório e demais profissionais que dão suporte pré-cirúrgico e após a cirurgia. O coração doado agora bate paralelamente ao coração nativo de Denyson Monteiro. A modalidade cirúrgica em que o coração original do paciente é preservado e conectado ao do doador - ambos funcionam em paralelo - é tecnicamente conhecida como transplante heterotópico, realizado por poucos cirurgiões cardíacos. Este foi o oitavo transplante heterotópico procedido pelo cirurgião cardíaco alagoano. O primeiro do gênero foi feito por ele em 1989. A principal indicação de uso dessa técnica é quando o coração do doador é pequeno para o receptor. Nesse caso, o coração nativo é preservado para funcionar como auxiliar ao coração transplantado. Foi o que aconteceu com Denyson Monteiro. Pesando mais de 100 quilos e com maior estatura, o órgão transplantado sozinho não daria conta de cumprir as funções de bombeamento do sangue e ritmo de batimento adequados do receptor. Diante disso, José Wanderley optou por manter o coração de Denyson – que teve sua capacidade de funcionamento estimada em 20% - para auxiliar o coração doado. Denyson Monteiro era portador de miocardiopatia, doença do músculo cardíaco (miocárdio) que compromete o bombeamento de sangue para o organismo e, em muitos casos, é provocada por fatores genéticos e hereditários.

FILA

A fila de transplantes em Alagoas tem 496 pessoas em busca de um órgão ou tecido. De acordo com dados da Central de Transplante do Estado, as cirurgias de córnea e rim reúnem o maior número de pacientes na espera. Atualmente, segundo levantamento, há três candidatos a um novo coração na fila de espera da Central. “Mas essa fila deve crescer muito em breve”, disse Daniela Ramos, coordenadora da unidade. Ela ainda explicou que os possíveis novos candidatos estão em fase final de exames para confirmação da necessidade de transplante. Na fila geral há ainda 9 pacientes aguardando um fígado, 57 esperando um rim e 427 na expectativa de receber uma córnea. “São números atualizados até setembro”, disse a coordenadora. Daniela Ramos recomenda a todos que, em vida, queiram que seus órgãos sejam doados em caso de morte, avisem aos seus familiares dessa decisão e deixem claro da intenção. “Doação de órgão salva vida”, disse ela.

IMPACTO DA COVID-19

Desde 2019 não é realizado um transplante cardíaco em Alagoas, segundo Daniela Ramos. Esse período “em branco”, segundo ela, se deveu essencialmente à pandemia de Covid-19. Agora, com o controle da doença em razão das vacinas, ela diz que a expectativa é de retomada.

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