app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5888
Cidades

A cada 9horas, uma criança ou adolescente é vítima de violência sexual

De janeiro a novembro deste ano, Alagoas já registrou 865 vítimas desse tipo de crime, segundo dados disponibilizados pela Polícia Civil

Por Jamylle Bezerra | Edição do dia 10/12/2022 - Matéria atualizada em 10/12/2022 às 04h00

A situação é alarmante. São centenas de crianças e adolescentes que perderam a melhor fase de suas vidas. Tiveram a inocência roubada e se sentiram obrigados a suportar situações, muitas vezes, praticadas por algum parente ou alguém conhecido da família. O número de vítimas de violência sexual em Alagoas é altíssimo: um total de 865 casos e uma média de 2,5 abusos por dia de janeiro a novembro de 2022. É como se uma criança ou adolescente fosse abusado a cada 9 horas no estado. 

Obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, os dados, disponibilizados pela Polícia Civil, mostram que a maioria das vítimas desse tipo de crime no estado é do sexo feminino. Foram 777 meninas violentadas sexualmente em Alagoas no período, número que é maior que o registrado em todo o ano de 2021, que foi de 754.  

A faixa etária das vítimas também é algo que chama a atenção. Foram 353 crianças de 0 a 11 anos violentadas sexualmente somente este ano. Já entre 12 e 17 anos, esse número chega a 503.  

O estupro de vulnerável foi o crime de violência sexual contra menores mais registrado em Alagoas em 2022, um total de 631 ocorrência; seguido de estupro, com 80 casos; e importunação sexual, com 79 registros. Mas há, ainda, outras várias ocorrências na polícia relacionadas à divulgação de cenas de estupro e de pornografia (7); aquisição de fotografia ou vídeo que contenha cena de sexo explicito com criança ou adolescente (4) e registro não autorizado de intimidade sexual (5), entre outros.  

Os casos são muitos, acontecem em todas as regiões do estado e precisam, em todas as situações, ser denunciados, para que os culpados possam ser punidos, evitando assim que façam novas vítimas.  

No último mês de outubro, uma denúncia feita por uma adolescente chamou a atenção no município de Rio Largo, na Região Metropolitana de Maceió. A garota, de 14 anos, filmou o abuso praticado contra ela pelo próprio pai, um homem de 41 anos. Situação que já vinha ocorrendo há dez anos e que só parou após a adolescente mostrar as imagens para a mãe, que acionou a polícia. O acusado foi preso em seguida.  

Em Santana do Ipanema, no Sertão de Alagoas, um idoso de 66 anos foi preso no último mês de setembro, após uma adolescente de 14 anos assistir a uma palestra sobre violência sexual na escola e ter a certeza de que teria sido abusada aos 7 anos. De acordo com a polícia, o idoso era vizinho da vítima e tinha uma filha da mesma idade. Quando as crianças iam brincar na casa dele, o suspeito mandava a filha para outro cômodo e estuprava a vítima. A situação teria ocorrido quatro vezes.  

Já no bairro do Benedito Bentes, na parte alta de Maceió, uma mãe filmou o companheiro - e padrasto das crianças - abusando das filhas de 3 e 7 anos. O homem, de 50 anos, foi preso.  

O problema é sério e, muitas vezes, acaba com a prisão dos acusados, que na maioria dos casos é algum parente ou alguém próximo da família, mas em algumas situações, o abuso acaba em tragédia, deixando de luto famílias inteiras. Em 2019, a história do menino Danilo, que tinha 7 anos, ganhou repercussão após ele desapareceu e depois foi encontrado morto no bairro do Clima Bom, em Maceió. O acusado, José Roberto de Morais, foi a julgamento e acabou condenado este ano. Era o padrasto do menino, que abusou e efetuou golpes na cabeça do menino até que ele morresse.  

No município de Maravilha, no Sertão do Estado, a pequena Beatriz Rocha, de 6 anos, também teve a vida roubada em agosto de 2020. Ela foi estuprada, assassinada e teve o corpo jogado no telhado de uma casa. O julgamento do acusado também aconteceu em 2022. Edvaldo dos Santos era conhecido da garota e se aproveitou desse fato para atrair a menina até a casa dele. Ele foi condenado a 35 anos e 7 meses. 

Mais matérias
desta edição