74% DOS CRIMES CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES OCORREM EM CASA
Pelo menos 70% das denúncias referem-se a estupro de vulnerável; padrastos lideram lista de autores
Por rayssa cavalcante | Edição do dia 07/02/2023 - Matéria atualizada em 07/02/2023 às 09h38
Um levantamento do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) mostra que 74% do total de casos contra crianças e adolescentes, que foram recebidos pela 14ª Vara Criminal de Maceió, ocorrem em ambiente doméstico. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (6). Pelo menos 70% dessas denúncias referem-se a estupro de vulnerável.
Segundo a pesquisa, em sua maioria, as agressões são feitas por padrastos. Em seguida, os crimes são praticados por pessoas sem grau de parentesco, pais ou tios, nessa ordem. Mais de 80% das vítimas são meninas, com idades entre 8 e 14 anos.
Somente em 2022, a 14ª Vara Criminal recebeu 246 novas denúncias, sendo que 83% referem-se a crimes contra crianças e adolescentes. Esses casos estão concentrados em regiões menos desenvolvidas economicamente de Maceió, como Benedito Bentes e Tabuleiro dos Martins.
Além disso, entre os demais casos de crimes contra pessoas vulneráveis na capital alagoana, 13% são cometidos contra idosos. As pessoas LGBTQIA+ e outros grupos aparecem com 2%.
Para o juiz titular da unidade, Ygor Figueiredo, o baixo número de processos relacionados a alguns grupos indica a necessidade de uma atuação mais efetiva do Poder Público.
“Nesse ano, não houve crimes contra moradores de rua registrados. O índice de crimes denunciados contra a população negra e LGBTQIA+ também é muito baixo. A gente tem que entender por que a tutela estatal não está chegando a essas pessoas”, avalia Figueiredo.
BAIRROS
O estudo faz ainda um recorte por bairros de Maceió. No geral, os crimes contra vulneráveis estão concentrados nas regiões menos desenvolvidas economicamente. Chama a atenção, contudo, a maior incidência de crimes contra idosos em bairros com população de renda mais alta. “Os crimes patrimoniais afetam mais idosos e tem incidência maior em bairros como Ponta Verde e outros de maior poder aquisitivo. Já os crimes de violência sexual atingem mais as pessoas de comunidade um pouco mais carentes como Tabuleiro dos Martins e Benedito Bentes”, destaca Ygor Figueiredo.