PONTA VERDE LIDERA COMO BAIRRO COM MAIOR Nº DE CRIMES CONTRA IDOSOS
Maioria dos casos ocorre no âmbito doméstico; filhos são apontados como principais autores
Por rayssa cavalcante | Edição do dia 09/02/2023 - Matéria atualizada em 09/02/2023 às 10h06
Um levantamento do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) apontou que a Ponta Verde é o bairro com maior incidência de crimes contra idosos, além de outros locais considerados com a renda mais alta da capital. Os dados foram divulgados nessa última segunda-feira (6).
Segundo o estado, a maioria dos casos ocorrem em âmbito doméstico, sendo 62%, e geralmente envolve delitos patrimoniais. Além disso, o gênero feminino é o mais vitimado, com 65% do total. Já em relação aos autores dos crimes contra os idosos, os filhos lideram o ranking. Também aparecem na lista vizinhos, netos, ex-esposa e irmãos. O levantamento é da 14ª Vara Criminal de Maceió, que atua em casos de crimes contra pessoas vulneráveis, sobre os processos que chegaram até a unidade em 2022. “Os crimes patrimoniais afetam mais idosos e tem incidência maior em bairros como Ponta Verde e outros de maior poder aquisitivo. Já os crimes de violência sexual atingem mais as pessoas de comunidade um pouco mais carentes como Tabuleiro dos Martins e Benedito Bentes”, destaca Ygor Figueiredo, juiz titular da unidade. Apenas em 2022, a Vara Criminal de Maceió, que atua em casos de crimes contra pessoas vulneráveis, recebeu 246 novas denúncias, das quais 13% referem-se aos idosos. O primeiro lugar é de crimes contra crianças e adolescentes (83%). De acordo com o magistrado, as estatísticas podem ajudar o Poder Executivo na formulação de políticas públicas preventivas. “Eu vou conversar com as secretarias de Estado e a delegacia especial de crimes contra vulneráveis. Compartilhando esses dados, a gente pode ter uma atuação mais direcionada do Conselho Tutelar e reforçar o CREAS onde necessário, por exemplo”. O Poder Judiciário, da mesma forma, deve usar os números para adaptar sua estrutura de pessoal de forma a atender de maneira mais adequada o jurisdicionado, “Constatamos que o grupo mais atingido são as crianças e adolescentes, então podemos priorizar esses processos e trabalhar uma melhor capacitação dos servidores para atender esse público, com a escuta protegida e o depoimento especial, por exemplo”, explicou Figueiredo.