Cidades
MANGUE VIVO MONITORA DESMATAMENTO EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
Parceria do Instituto Biota visa prevenir crimes ambientais no ecossistema pertencente ao Bioma Mata Atlântica

Desde o mês passado, o projeto Mangue Vivo está atuando no monitoramento dos manguezais da Região Hidrográfica do Pratagy, em Alagoas. A ideia é prevenir o desmatamento nessas áreas de proteção ambiental. O Instituto Biota em parceria com empresas privadas, realizam o mapeamento, monitorando e auxiliando as autoridades competentes no combate a crimes contra esse importante ecossistema pertencente ao Bioma Mata Atlântica.
Ao todo, 14 áreas de manguezal entre os municípios de Maceió e Barra de Santo Antônio, no litoral Norte de Alagoas, totalizando mais de 300 hectares estão sendo monitoradas mensalmente. As análises dos biólogos serão transformadas em relatórios, e entregues aos órgãos ambientais responsáveis.
O presidente do Biota, Bruno Stefanis, disse que, no primeiro mês de monitoramento, já foram identificados diversos crimes ambientais.
“No primeiro mês já diagnosticamos área do mangue que está morrendo, sofrendo com o aterramento, supressões. Estamos colocando nos mapas feitos por drones. Vamos voar nessas áreas todos os meses e tirar as mesmas fotos, depois a gente sobrepõe e ela gera um mapa em tempo real, para a gente saber onde tem mais ou menos mangue”.
Ele explica que a intenção do projeto é trabalhar de forma preventiva na região hidrográfica do Pratagy, que abrange sete municípios e diversos cursos fluviais, sendo possível encontrar ao longo de sua porção litorânea diversas áreas de mangue em variados estados de preservação.
“Determinamos uma área que vai de Maceió à Barra de Santo Antônio e pega dez rios, mapeamos esses mangues e monitoramos durante um ano. A intenção é prevenir, a nossa presença todo mês vale para a população ver que está sendo monitorada e coibir o desmatamento”.
“O mangue é muito visado por ser perto do mar e tem grande valor econômico. Sempre tem alguém aterrando o mangue para construir imóveis e o mangue não pode ser desmatado para interesse comercial, apenas para interesses públicos, como ampliação de rodovia, por exemplo, mas tudo feito com estudo e autorização”, ressalta.
A preservação dessas áreas é fundamental, uma vez que elas exercem importantes funções ecossistêmicas: prover áreas de abrigo e desenvolvimento para diversas espécies; servir como área de amortecimento entre o oceano e o continente, protegendo contra tempestades e ações erosivas das marés; atuar na retenção de poluentes e ciclagem de matéria orgânica; além de servir como fonte de renda para diversas comunidades que dependem de atividades como a pesca e coleta de mariscos.
Reforçando ainda mais a importância desse ecossistema, na região hidrográfica do Pratagy, também são encontradas duas Áreas de proteção Ambiental (APA), a APA do Pratagy, de nível estadual, e a APA Costa dos Corais, de nível federal, duas unidades de conservação que tiveram entre seus objetivos de criação a proteção dos manguezais, bem como a fauna, flora e recursos hídricos associados.
A população pode auxiliar no trabalho das equipes através de denúncias. “A gente chegou em um determinada área e saiu um caminhão derrubando metralha. A gente não pegou o caminhão, mas a população vendo, pode tirar fotos e nos mandar para colocar no relatório”, alerta.
O relatório produzido pelas equipes de monitoramento serão encaminhadas mensalmente aos ministérios públicos federal, estadual, IMA; Semarh; Ibama/AL; ICMBio; BPA; prefeituras de Maceió, Paripueira, Barra de Santo Antônio; Área de Proteção Ambiental (APA) Pratagy e Comitê da Bacia Hidrográfica do Pratagy - CBHP.