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INCÊNDIO EM APARTAMENTO DEIXA 3 MORTOS E CRIANÇA EM ESTADO GRAVE

Três pessoas morreram num incêndio de grandes proporções registrado nessa terça-feira (11), no Residencial Vale Bentes II, localizado no bairro do Benedito Bentes, parte alta de Maceió. Os mortos eram um casal de idosos e o filho deles.
Uma menina de 9 anos que sofreu queimaduras e inalou muita fumaça foi encaminhada ao Hospital Geral do Estado (HGE), com dificuldades para respirar e o estado de saúde é considerado grave. Além dela, uma mulher que pulou do terceiro andar do prédio para escapar das chamas também foi internada no hospital, com fraturas nas duas pernas.
Com a fumaça e as chamas atingindo o imóvel, o desespero tomou conta de vizinhos no residencial. Moradores, bastante aflitos, foram vistos da janela de um dos apartamentos na tentativa de pular para se livrar das chamas. Uma escada chegou a ser colocada para tentar ajudá-los.
Várias equipes de socorro foram mobilizadas. Segundo informações do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), um helicóptero, duas Unidades de Suporte Básico (USB), uma Unidade de Suporte Avançado (USA - UTI móvel) e uma equipe de motolância foram acionados. Já o Corpo de Bombeiros Militar (CBM) enviou 26 militares em 8 viaturas.
VÍTIMAS MORRERAM ASFIXIADAS
As três vítimas do incêndio tentaram se refugiar nos quartos e no banheiro do apartamento, mas morreram asfixiadas pela fumaça que se espalhou pelo imóvel. As informações são do Corpo de Bombeiros de Alagoas (CBM/AL).
Segundo o major Igor da Silva Pontes, uma das vítimas que morreu estava em um quarto, a segunda em outro quarto, e uma terceira vítima estava no banheiro. Os locais, segundo eles, teriam sido utilizados pelos três para fugir das chamas, já que não teriam encontrado chances de passar pela sala.
O primeiro atendimento, segundo a corporação, na primeira resposta a equipe de combate ao incêndio encontrou dificuldade ao acesso ao local, mas chegando lá, o incêndio já estavam conflagrado, com bastante intensidade. “Qual era o cenário encontrado ali depois do combate às chamas? Percebeu-se que cada vítima se encontrava nos cômodos que não pertenciam ao ambiente da zona de origem, ou seja sala de estar e sala de jantar. Eram dois quartos, as vítimas estavam nos quartos e no banheiro. Tentando uma reação ao início do incêndio concentrado na sala. Em uma ação instintiva, ficaram nos quartos, mais afastados. Provavelmente, o fogo na sala os impediu. Por eles ficarem nos quartos, ou aguardar o socorro, fiaram ali, só que a fumaça asfixia. Apesar de não provocar queima, ou ação direta no corpo da vítimas, a asfixia mata também”, explicou o major Pontes.
PERÍCIA DESCARTA VAZAMENTO DE GÁS
O fogo no apartamento térreo se alastrou rapidamente e atingiu todo o imóvel. Paredes, móveis e eletrodomésticos ficaram totalmente destruídos. A primeira hipótese foi de que um vazamento de gás de cozinha teria sido a causa do incêndio, o que foi descartada após perícia no local.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, foi cogitado que o incêndio teria começado na cozinha por conta do gás, mas o major Pontes, esclareceu que o botijão de gás, a mangueira e o fogão estavam intactos e o local apresentava danos causados pelo calor e não pelas chamas em si.
O fogo teve início na sala de estar do apartamento e, ainda conforme o Corpo de Bombeiros, o principal foco das chamas foi perto da janela. No entanto, ainda não é possível afirmar a causa do fogo, mas segundo no imóvel, onde as chamas começaram, estavam armazenados vários materiais recicláveis, que eram objetos de trabalho das vítimas.
A perícia no local durou duas horas. Os bombeiros trabalham com diversas causas possíveis, desde curto-circuito até mesmo ação humana. O prazo para conclusão do laudo é de 30 dias. “É uma verificação minuciosa. A gente, em parceria com a Polícia Científica, vai trabalhando essas informações para chegar a uma possível causa. Senão a causa exata, a uma provável causa”, explicou o major.
Após o incêndio, a Defesa Civil Municipal realizou uma vistoria no local e o órgão informou que deve voltar ao prédio nesta quarta (12), para uma nova análise do imóvel vistoria. Caso o local apresente danos estruturais, poderá ser interditado.
O engenheiro da Defesa Civil de Maceió, Júlio Normande, informou que, na primeira vistoria, na manhã de ontem, não foram identificados danos na estrutura do local. “O incêndio não comprometeu a estrutura do apartamento atingindo, nem dos apartamentos vizinhos, mas como a parede costuma dilatar após o esfriamento, faremos nova avaliação”, explicou.
MANGUEIRA DO PRÉDIO ESTAVA CORTADA E SEM CONDIÇÕES DE USO
O incêndio poderia ter tido um outro desfecho caso a mangueira de combate a fogo do residencial estivesse em boas condições de uso. Conforme constatado pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBM), o equipamento havia sido cortado e estava danificado, não podendo ser utilizado.
“A mangueira foi cortada e estava sem condições de uso. Poderia ter ajudado no combate ao fogo, desde que os moradores soubessem como utilizá-la”, afirmou o major Pontes, do CBM, que atuou para apagar as chamas no apartamento nesta manhã.
A mangueira ficava armazenada no térreo do prédio, mesmo local onde fica o apartamento destruído pelo fogo.
Outra ponto que chamou atenção no local do incêndio é que os botijões de gás ficam armazenados dentro dos próprios imóveis, mesmo existindo um espaço, na área externa dos prédios, para este fim. O motivo seria a ação de criminosos, que tinham os botijões como alvos fáceis de furtos.
A Polícia Científica de Alagoas esteve no local e deve contribuir com a elucidação da causa do incêndio.