Delegado monta opera��o para prender pitboy
EDNELSON FEITOSA O delegado do 2º Distrito Policial, Dalmo Lima Lopes, perdeu a paciência e montou ontem uma operação para prender o lutador de jiu-jítsu Thiago Lira, acusado de espancar e e mutilar, com um copo quebrado, o rosto do universitário Felipe
Por | Edição do dia 29/01/2005 - Matéria atualizada em 29/01/2005 às 00h00
EDNELSON FEITOSA O delegado do 2º Distrito Policial, Dalmo Lima Lopes, perdeu a paciência e montou ontem uma operação para prender o lutador de jiu-jítsu Thiago Lira, acusado de espancar e e mutilar, com um copo quebrado, o rosto do universitário Felipe Monteiro de Vasconcelos, 20, no interior de uma boate, no Stella Maris, na Jatiúca. O crime ocorreu na semana passada. A decisão do delegado foi tomada em conseqüência da demora na apresentação do pitboy, que vem ignorando a convocação. O advogado de Thiago, Welton Roberto, foi enfático: Não vou apresentar um cliente para ele ficar preso, por um problema que poderia ser resolvido com um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência). Segundo ele, o delegado conseguiu a prisão temporária do acusado junto ao juiz de plantão Ricardo Jorge e estava aguardando que comparecesse à distrital para efetuar sua prisão. Na manhã de ontem, o delegado determinou que policiais da Delegacia do 2º Distrito fossem à residência de Thiago para conseguir sua qualificação completa: nome completo com a grafia correta, filiação, data de nascimento e o número do documento de identidade. Os policiais receberam recomendação de que, se ele estivesse em casa, deveria ser preso para interrogatório. O advogado Welton Roberto já entrou com um pedido para revogar a prisão de Thiago Lira, que pode ocorrer nas próximas horas. A principal alegação da defesa é de que não cabe a abertura de inquérito no caso de lesão corporal leve. O que prevê a lei, diz o advogado, é que seja feito o TCO. Ninguém chega a ser ouvido na fase policial, que é concluída em 10 dias, no máximo, e o procedimento é enviado à Justiça. Outra decisão que demonstra que o delegado Dalmo Lima Lopes quer a prisão imediata do acusado é o fato de ele ter determinado que, nas rondas realizadas na orla marítima, neste fim de semana, os policiais tentem localizar o pitboy em bares, boates e restaurantes dos bairros de Jaraguá e Jatiúca. Pressão de políticos Contrariando pressões externas, inclusive de políticos influentes que são familiares de Thiago Lira, o delegado Dalmo Lima Lopes não mandou fazer TCO. Ele determinou ao cartório da distrital, que fosse aberto inquérito e que Thiago e seu cúmplice fossem indiciados pelo crime. Até o momento, o delegado não recebeu o resultado do exame de corpo de delito, que definirá se ocorreu lesão grave ou leve. Outro acusado A polícia identificou o segundo acusado da agressão sofrida pelo universitário Felipe Vasconcelos como sendo o estudante Felipe Costa, um rapaz que aparenta 25 anos. As autoridades policiais identificaram o suspeito com a ajuda de parentes da vítima, mas ainda não conseguiram localizá-lo. As testemunhas do crime garantiram à polícia que Felipe Costa aplicou socos na vítima, logo após o pitboy Thiago Lira, um dos integrantes do grupo do lutador de jiu-jítsu Charles Alexandre, o Charlão, quebrar um copo no rosto de Felipe. Charlão liderou, em julho do ano passado, o espancamento do estudante Klébson Silva de Almeida, ocorrido na boate Uau, em Jaraguá. Ele e seu grupo respondem a processo na Justiça em liberdade. O caso revoltou a comunidade pela forma cruel como a vítima, atacada por vários rapazes, foi agredida a golpes de artes marciais. Foi o delegado Dalmo Lima quem apurou o crime e indiciou Thiago Lira, que acabou inocentado pela Justiça, porque não tinha aparecido na fita gravada pela segurança da boate e que mostrava parte da agressão contra Klébson. No entanto, as testemunhas asseguram que ele integrava o grupo e que havia participado do espancamento. Interferência A polícia não confirma, mas existem rumores de que um político, parente de Thiago Lira, tenta interferir nas investigações da agressão contra Felipe Monteiro, inclusive telefonando para a Delegacia do 2º Distrito, protestando contra declarações do delegado Dalmo Lima Lopes e do chefe do Setor de Operações, Roberto Carneiro. Dalmo Lopes não fala a respeito. No entanto, assessores da cúpula da Polícia Civil garantem que os delegados da capital e interior têm total apoio do secretário de Defesa Social, Robervaldo Davino, para realizar seu trabalho com isenção, não se intimidando com afrontas ou mesmo ameaças de políticos.