O secretário de Justiça e Cidadania, Tutmés Airan, afirmou, ontem, durante entrevista coletiva, no Presídio Baldomero Cavalcanti, que chegou a entregar o cargo pela manhã ao governador Ronaldo Lessa, mas alegou que devido ao apelo de detentos de três penitenciárias alagoanas resolveu continuar com o trabalho realizado à frente da Sejuc. Dizendo-se cansado com as constantes fugas nos presídios Baldomero e São Leonardo, Tutmés revelou que a vontade que tinha era de deixar o cargo, o que não fez porque teme que sua saída possa criar problemas para a instituição prisional. “Tive apoio até de Brasília para ficar, mas o que me sensibilizou foi o pedido dos detentos que temem um aumento do número de conflitos nas casas de detenção”, explicou. Falhas Tutmés declarou ainda achar estranho que detentos tenham conseguido cavar um túnel de quase 200 metros sem terem sido vistos pelos guardas do presídio. Mas admitiu que podem ter ocorrido falhas no sistema de segurança. “Acredito que não haja um complô político para me derrubar, pois o trabalho está sendo feito. Quanto aos detentos tenho cerca de 90% apoiando minhas ações, o que praticamente descarta essa possibilidade”, enfatizou. Segundo o secretário, é preciso esclarecer que o Baldomero não é um presídio de segurança máxima como foi anunciado em sua construção, já que apresenta falhas técnicas, como ausência de chapa de ferro no piso, de paredes de concreto entre as celas, além de galerias subterrâneas que ligam o interior do presídio à área externa. Providências O secretário ressaltou que não está usando o apoio dos presos para cobrir as falhas existentes no sistema de segurança do Baldomero Cavalcanti e anunciou que vai tomar providências para evitar novas fugas. “Iremos destruir as galerias subterrâneas que cortam o presídio, implantar uma guarda montada (cavalaria) e, no São Leonardo, vamos fazer uma cerca navalhada”, assegurou. Detentos das três penitenciárias de Alagoas manifestaram seu apoio a Tutmés, com a entrega de um abaixo-assinado e com frases pedindo a permanência do secretário no cargo. “Um dos causadores dessa crise é a morosidade da Justiça, uma vez que muitos presos já deveriam estar em casa com a família”, salientou o detento Vidal Alves dos Santos, que cumpre pena há cinco anos no Baldomero por homicídio. Lealdade O presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Everaldo Patriota, que também participou da coletiva, declarou que a decisão do secretário de continuar no cargo deve dar prosseguimento ao projeto de humanização do sistema prisional, o que é defendido pelo conselho. Mas enfatizou que é preciso lealdade dos que trabalham com Tutmés. “É necessário que se tenha uma equipe uniforme, caso contrário os conflitos nos presídios tendem a piorar”, destacou.